18 de maio de 2012

TROVA # 6


A ÚLTIMA DANÇA DE DONNA SUMMER

Donna Summer (1948-2012)


Querida Donna Summer,

           Certamente você não me conhece... Meu nome é Vinícius (vulgo: Vinil), tenho 31 anos, sou Professor (e blogueiro ocasional!), cresci e aprendi Inglês ouvindo seus sucessos! Vivo em um lugar da América do Sul que as pessoas chamam de Brasil - é por isso que escrevo em Português. Acho que você já esteve aqui no meu país algumas vezes para fazer shows, mas infelizmente nunca dei tanta atenção. Yes, shame on me!
           Por que eu decidi te escrever? Porque eu fiquei estarrecido com a sua partida tão repentina e tão sentida! Em 17 de maio de 2012, a Disco Music se calou. Pior do que isso: fez a sua última dança! Com o apagar de sua estrela, Mrs. Summer, ficamos órfãos de uma das criadoras de uma era inesquecível. Você foi referência para talentos de sua geração e que também mais influenciou os que surgiram nas décadas seguintes.
           Posso te dar algumas provas evidentes disso... Madonna seguiu seus passos ao levar para as pistas de dança uma fórmula te deu muito sucesso com o seu primeiro hit, “Love to love you baby”: sexo, um som hipnotizante e muito groove! Moby e David Guetta eram fascinados por seu som incomum; Kylie Minogue, Beyoncé, Nicki Minaj e outras popstars da vez te consideravam uma diva das pistas e uma modelo inquestionável; até Barbra Streisand se rendeu aos seus encantos e se juntou a ti em seus dias inesquecíveis de Disco Queen no final da década de 1970 naquele dueto antológico, “No More Tears (Enough is Enough)”. Seu nome não significou um mero modismo, mas foi um exemplo de música de excelente qualidade!!!
         Ah, já que eu mencionei a Barbra... Como nós, ela ficou bem chocada ao saber da sua saída de cena.  Achou que você estava tão cheia de vida na última vez em vocês se viram. Sempre te admirou por você ter tido uma voz e um talento imbatíveis. E mais do que isso: disse pela enésima vez que adorou ter gravado com você e bla blá blá... Pena que vocês nunca cantaram juntas ao vivo... Teria sido sensacional! Elton John, outro admirador confesso seu, disse que seus discos "soam bem em qualquer época" (...). E disse mais: "É uma desgraça total ela nunca ter sido inclusa no Hall da Fama do Rock, especialmente quando eu vejo artistas de qualidade inferior chegando lá". É duro, mas temos que concordar com as palavras de Sir Elton. Ninguém precisou viver intensamente os chamados “embalos de sábado à noite” para não lembrar clássicos do Pop como “I Feel Love”, “Bad Girls”, “Hot Stuff”, “On The Radio”, “She Works Hard For The Money”, “Last Dance”... E também concordo com Barbra Streisand: tu tinhas uma voz belíssima, formada pelos sons das Igrejas batistas norte-americanas, o que te deixava na mesma galeria de outras divas de formação semelhante como Aretha Franklin, Dionne Warwick e Whitney Houston (para não citar outras!).
             Minha relação com o seu legado começou por volta de 1994/1995, quando você lançou Endless Summer, aquela coletânea na qual você reviu toda a sua carreira e nos deu duas canções inéditas. Evidentemente isto se deu através da influência dos meus pais, que viveram intensamente os já citados “embalos de sábado à noite” e gostavam muito de te ouvir cantar. Porém, as suas canções, Mrs. Summer, não se restringiram apenas a uma era que hoje se encontra distante no tempo: elas fazem parte de um repertório universal que povoa os inconscientes sonoros coletivos. Afinal, todos nós amamos uns aos outros, todos nós desejamos uns aos outros, todos nós dançamos uns com os outros, todos nós fazemos sexo uns com os outros e você soube dizer isto tudo muitíssimo bem com a sua música. Quando Madonna resolveu incluir “I Feel Love” na Confessions Tour, não se tratava apenas de citar um sample seu ou de  realizar um mero tributo ou homenagem a ti. A Rainha do Pop te reconhece como O baluarte da Dance Music, o que é, no mínimo, justo para uma artista negra que abriu portas em um universo mercadológico dominado por brancos (a Disco era um tipo de música feita por negros para ser apreciada por brancos!). Ao ouvirmos a gravação original de “I Feel Love”, temos a nítida sensação foi gravada ontem, de tão moderna que ainda soa para nossos ouvidos tão fatigados de ouvir tantas asneiras por aí...
              Sua perda, Mrs. Summer, foi muito sentida por diversos segmentos da música internacional. O que eu acho mais lastimável é o fato de uma mulher de 63 anos, em momento de alta criatividade profissional (fiquei sabendo que você estava gravando um disco que sucederia seu último trabalho, Crayons, de 2009), ter sido mais uma vítima do câncer. E ainda pior: você apenas lutou 10 meses contra a doença! O Presidente Obama disse que sua voz era inesquecível e que "a música perdeu uma lenda muito cedo". Uma amiga minha de anos comentou no Facebook: “Esta é uma doença que não escolhe: pode ser negro, branco, pobre, rico, jovem, velho, inteligente, burro... tudo o que nos resta é rezar para que os pesquisadores e cientistas achem a cura para o câncer o quanto antes. E rezar para que Deus proteja aqueles que a gente ama!”. Compartilho do mesmo desejo da amiga em questão, mas Deus não me deu esta sorte... já perdi três parentes para o câncer. Espero que seu marido e suas filhas consigam achar forças para viver daqui para diante, pois imagino o quão deve ser difícil!
              Por isto, acho que o melhor a fazer por ora é encerrar esta Trova de Vinil por aqui lembrando que sua música, Donna Summer (parafraseando “Last Dance”) sempre estará “ao nosso lado, para nos guiar e para nos segurar” em nossos maus (e bons momentos).
            Rest in Peace, Mrs. Summer! May you rest in Lord’s arms...
            
            Com amor,

Vinil

 10 Motivos para você lembrar de Donna Summer:

1. Last Dance

       2. On The Radio

       3. Love's Unkind

       4. Bad Girls

  5. No More Tears (Enough is Enough)

       6. Melody of Love

       7. She Works Hard for the Money

       8. Love to Love You Baby  
    
      
        9. I Feel Love

     10. McArthur Park