12 de setembro de 2012

TROVA # 11


TO SIR, WITH LOVE?!

Educação é aquilo que a maior parte das pessoas recebe, muitos transmitem e poucos possuem.

Karl Kraus

 
An apple for the teacher? Ok, you can give me a break!!!

          Escrevo em permanente estado de crise. Não porque escrever neste Blog é um tormento (pelo contrário: é um prazer indescritível!), digo isto porque escrevo em condições adversas: intervalos de aula, nas madrugadas, nos horários de almoço, no transporte público e em outras “brechas” que o meu horário apertado de Professor me permite.

          Resolvi fazer estas Trovas de Vinil por algumas razões pessoais e intransferíveis: 1) Para exercitar o talento de jornalista frustrado e não consumado que possuo; 2) Para tratar do assunto que mais curto neste universo – MÚSICA; 3) Para achar uma espécie de alento para as minhas crises de ira, angústia, ansiedade e depressão – leia-se: para me divertir um bocado! 4) Para esquecer um pouco do meu lado “Professor” – por mais difícil que isto possa me parecer...

And I just can't pore my heart out
 To another living thing
 I'm a whisper, I'm a shadow
 But I'm standing up to sing”
(Out of Tears – Mick Jagger / Keith Richards)
 

 


















          Sempre nutri um amor perceptível pela escrita – desde os tempos da escola, creio. Já dei início a alguns blogs e nunca os levei adiante por falta de inatividade e pela quantidade gigantesca de coisas que eu tinha para fazer. Em outras palavras, por falta de tempo, por imaturidade minha e/ou da proposta do que se escrevia. Por outras razões que desconheço e/ou não quero lembrar. Devo confessar que tenho um gosto imenso por coisas “menos nobres” intelectualmente: adoro ler crônicas (nada contra os grandes poetas ou romancistas, ok?) e peças teatrais, gêneros literários tidos como mais fáceis de compreensão (a tal da fruição que o Roland Barthes sempre fala...). E claro: adoro ler as entrelinhas do que as “mãos sujas do sangue das canções” nos escondem. Estes são os meios que encontrei para ficar mais próximo da arte cultivada por mestres como Drummond, Nelson Rodrigues, Machado, Clarice e outros. Fazer o quê? Tal qual o seu Carlos, eu também resolvi ser gauche (torto) na vida...

          Tal qual Virginia Woolf, artista pela tenho profunda admiração por tudo que fez em vida e obra, escrevo/leio/penso/crio várias coisas ao mesmo tempo. Minhas bolsas estão sempre repletas de coisas para descobrir, para fazer, para compreender, etc. Falta de foco? Talvez! Vontade de descobrir o mundo inteiro em um dia e não conseguir? Creio que sim! Necessidade de escrever para tentar curar um mal oculto que persiste e insiste? Com certeza! Organização? Não, de jeito nenhum! Minha percepção de mundo é tão desorganizada e caótica, que nenhum dia que abarcasse  algo além de 24 horas seria suficiente para que eu conseguisse impor uma ordem para este caos que deram o nome de Vinícius.

Oi, meu nome é Vinícius, mas você também pode me chamar de CAOS!


          Escrevo Trovas de Vinil em um quase estado de emergência, de procura por mim mesmo e das coisas do mundo, de uma possível cura, de uma vontade de reunir coisas e pessoas das quais eu gosto. Escrevo em busca de respostas, de perguntas, de anseios reunidos e de desabafos necessários como este que publico hoje! Fico muito triste quando não consigo reunir forças para escrever aqui, pois me falta a técnica de concisão, rapidez e eficiência que todo bom jornalista tem. Gostaria de ser mais direto e reto nas coisas que escrevo – ao contrário de muitos blogueiro profissionais e tarimbados no assunto... É por esta razão que me considero um blogger amador: não só porque ainda me falta o talento necessário, mas por falta de tempo e dedicação e, principalmente, pela necessidade de não escrever qualquer coisa – Sim, detesto parecer fútil ou comum! Afinal de contas, como diria Caetano Veloso, as prateleiras e a chamada World Wide Web estão repletas de confusões pensadas, ditas e declaradas, não é?

          2012 foi um dos anos mais revolucionários que eu vivi (e ainda estamos em Setembro, hein?). Além de criar este blog, aprendi coisas novas, decidi trilhar caminhos profissionais que antes abominava, abracei uma nova oportunidade que jamais pensei que apareceria depois de 11 anos trabalhando em sala de aula. Feliz? Sim! Exausto? Sim, porque mudar, por não ser tarefa fácil, requer tempo, dedicação e um preço alto a pagar! Alguns me amaldiçoa(ra)m pelas minhas escolhas, outros ficaram na torcida, poucos me deram apoio incondicional e vários ficaram pelo caminho... Ao grupo dos medíocres, vai o meu agradecimento, pois as adversidades sempre contribuem para o nosso crescimento! Ao pessoal da torcida agradeço o carinho e o coleguismo; Aos que ficam pelo caminho, deixo minhas saudades, faço a promessa de manter contato e renovo a esperança do reencontro em situações / momentos menos adversos. Aos que me ofereceram apoio incansável e incondicional especialmente nos momentos mais recentes, dou a garantia do meu amor e da minha eterna gratidão.
 

The time has come
For closing books
And long last looks must end
And as I leave
I know that I am leaving my best friend
A friend who taught me right from wrong
And weak from strong
That's hard to learn
What, what can I give you in return?”

(To Sir With Love - Don Black / Mark London)

 

         





















         Ser professor e blogueiro nas horas vagas (além de outras atribuições, evidentemente!) é algo um tanto difícil se você quer fazer as coisas direito. Primeiro porque vivemos em um tempo no qual os profissionais do ensino (Professores, Teachers, Instrutores de Ensino, Mestres ou Doutores, ou seja qual for o nome que esteja em mente...) são itens desvalorizados, burocratizados e, vez por outra – dependendo da necessidade do empregador e/ou ins-ti-tui-ção –, substituíveis (Yes, nós também somos descartáveis como copinhos plásticos de acordo com a vontade de quem dá as cartas do jogo!)... No entanto, apesar de não ter me formado jornalista como eu sempre sonhei desde os meus 13 anos de idade, tenho bastante orgulho de ter me tornado em um Professor de Línguas (e suas respectivas Literaturas, por gentileza!). Assim, eu me sinto mais capaz de defender algumas causas perdidas do dia-a-dia nos espaços real e virtual. Faço das palavras minhas armas, da linguagem minha trincheira, do amor que sinto pelas pessoas e pelas coisas meu combustível e deste Blog meu palanque de letras, sons e imagens. Apesar da falta de sentimento que reina por este mundo afora, eu “sou amor da cabeça aos pés”! E outros também são, por isso “não se assuste, pessoa / se eu te disser que a vida é boa”... Por isso, segue o conselho: veja os vídeos, leia o pouco que tenho a dizer e sinta a música, pois é por ela que muitos de nós temos razão de existir...
 
“Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa
Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa

Enquanto eles se batem
Dê um rolê e você vai ouvir
Apenas quem já dizia
Eu não tenho nada
antes de você ser eu sou...

Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés
Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés

E só tô beijando o rosto de quem dá valor
Pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis
Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés
Eu sou, eu sou, eu sou amor”
Da cabeça aos pés”
(Dê um Rolê - Morais / Galvão)
 

10 de setembro de 2012

TROVA # 10


QUEM TEM MEDO DE MICK JAGGER?

“O rock não é rebelde, pois, hoje, pais e filhos o escutam juntos.”

Mick Jagger 

Mick? Michael Philip? Sir Jagger? Starfucker? Brenda? Pé frio esportivo? Arauto? Rebelde? Conservador? Revolucionário? Andrógino? Machão? Movie Star frustrado? Vocalista legendário? Quem é o homem que está à frente dos Rolling Stones há mais de cinco décadas? Mick Jagger pode ser todos ou nenhum destes arquétipos criados por ele mesmo. Para mim, ele é o maior mito vivo de todo a história do Rock. Ídolo maior, admirado por mim há muitos e muitos anos...

Mick Jagger em 1969
Marc Spitz, jornalista nova-iorquino (além de autor de uma comentada biografia de David Bowie), resolveu se aventurar bravamente nesta empreitada e tentou responder a pergunta que todos nós amantes queremos saber: “Quem é Mick Jagger?” ou "Quem deveria ter medo dele"?


Acabei de ler Jagger: a biografia, de Marc Spitz. Um livro conciso, competente e honestíssimo. Conciso porque consegue resumir os inúmeros feitos da vida e obra de um dos homens mais controversos de toda a história do Rock ‘n’ Roll em pouco menos de deliciosas 300 páginas. Competente porque consegue biografar Mick Jagger sem se ater aos típicos cacoetes dos biógrafos de celebridades – Spitz segue uma linha cronológica, mas não fica obsessivamente ligado a datas e eventos específicos. Honestíssimo porque consegue retratar Mick sem mitificá-lo, sem deixar de reconhecer seus altos, como também seus baixos.

Um guitarrista subestimado por muitos...

Jagger é um cara que sempre gostou de cantar, mas que sempre quis ser uma celebridade. Nunca se importou se a música que ele mais gostava era negra ou branca e/ou de qual lado do Atlântico ela vinha. Sempre buscou informação de tudo que existia de novo na música Pop – seja para projetos solo, seja para projetos com os Stones.  Foi através de seu amor supremo pela música negra que vinha do Delta norte-americano que este rapaz de Dartford resolveu largar os estudos na renomada London School of Economicspara se juntar ao amigo Keith Richards e fundar os Rolling Stones. A partir daí, Mick e cia. tratou de cantar e tocar sua música bem alto para quem estivesse afim de ouvi-la. E muitos o fizeram: do Hyde Park à Praia de Copacabana, passando por Altamont, clubes e arenas dos mais diversos tipos, muitos humanos ouviram, amaram e também odiaram a banda mais longeva do Rock.
O frontman dos Rolling atones nas parcas comemorações dis 50 anos da banda
Spitz é autor de uma prosa agradável. Soube contar não apenas como os Stones deixaram de ser uma das bandas mais odiadas pelo establishment para se tornarem em sinônimos de turnês concorridas, palcos faraônicos e performances intensas. Também soube listar (sem cair no tom de fofoca!) e comentar os casos e as obsessões amorosas de Jagger: Chrissie Shrimpton, Marianne Faithfull, Anita Pallenberg, Marsha Hunt, Bianca Jagger, Jerry Hall, Luciana Gimenez, Carla Bruni, Angelina Jolie (a única sobrevivente do leão Jagger!) e L’Wren Scott...
Jagger e seu filho caçula, Lucas, nas Olimpíadas de Londres.
        O livro aborda as transformações indeléveis sofridas pela música dos Stones com o decorrer dos anos: dos covers de clássicos do blues norte-americano a Aftermath (1966), de Beggars Banquet(1968) a Sticky Fingers (1971), o auge da forma com o mítico Exile On Main Street (1972), “a trilogia vazia” composta por Goats Head Soup (1973), It’s Only Rock ‘n’ Roll (1974) e Black& Blue (1976), o ressurgimento com Some Girls (1978), as grandiosas turnês com Tattoo You (1981), Steel Wheels (1989) eVoodoo Lounge (1994). Além disso, Spitz não deixou de mencionar os projetos solo do vocalista dos Stones, as incursões de Mick no cinema (e os frutos da relação de Mick com os cineastas Hal Ashby e Martin Scorsese para a obra dos Stones) e toda a controvérsia gerada pela concessão do título real a um dos maiores inimigos do sistema na década de 1960. Velhos mitos em torno do homem foram desfeitos nas páginas de Marc Spitz. Surge um homem incansável e multifacetado por detrás daquelas páginas.
Mick Jagger em Vila Nellcôte (França), durante as gravações do antológico Exile On Main Street (1972)

Jagger: a biografia não traz uma única resposta para a pergunta que muitos fãs dos Stones querem saber. Ele traz várias respostas, isto é, traz quase todas as faces de Michael Philip Jagger – quase porque nenhuma biografia ou autobiografia consegue dar conta das diversas faces de biografado nenhum, principalmente quando este indivíduo é o vocalista da maior banda de Rock de todos os tempos. Se você ainda não leu este livro, peça emprestado, tenha a primazia de parcelar no cartão, peça de presente (como eu fiz e consegui!!!) e leia! Marc Spitz irá te mostrar que não há razões para temer Mick Jagger...


Mick Jagger por Andy Warhol
P.S.: Acabei de ficar sabendo que Philip Norman (o melhor biógrafo de John Lennon) está prestes a publicar uma biografia de Mick Jagger! Prova cabal de que os 70 anos de Jagger e os 50 de Rolling Stones realmente PRO-ME-TEM!!! A capa já está disponível online, mas infelizmente não consegui colocar ela aqui... Vai o link mesmo...
P.S. #2: Nilton Serra, muito obrigado por enriquecer a minha biblioteca stoniana com este livro do Spitz. Thank you very much...

10 performances de Mick Jagger (Stones' B-sides + Solo)

para ficarem marcadas nos seus ouvidos:

1. Dead Flowers


2. Already Over Me


3. Short & Curlies

4. Sweet Thing


5. God Gave Me Everything

6. Shattered

7. Don’t Call Me Up


8. She Was Hot


9. Don’t Tear Me Up

            10. Stealing My Heart