31 de dezembro de 2013

2013 | 2014



    Em 2013 tivemos mais de 4500 visualizações, 30 textos publicados e muito som por aqui. Que em 2014 possamos ouvir muito mais música de qualidade com Paz, Amor, Suce$$o, Saúde e Harmonia. Muito obrigado a todos que curtiram o Trovas de Vinil!!!


Feliz 2014!!!

Com o forte abraço do
Vinil

29 de dezembro de 2013

TROVA # 29

OS SINAIS ATENTOS DE
NEY MATOGROSSO*


“Peço aos céus para me proteger
Eu não hei de ceder ao vazio desses dias iguais

Mal em mim nunca há de fincar
Mel em mim nunca há de findar
Olhos nus e atento aos sinais

Faço fé pra poder ver
A vida há de ser sempre mais.”

(“Oração”, de Dani Black, na interpretação de Ney Matogrosso)


          Gosto muito de uma fala de um filme de Bruce Willis no qual o herói da trama dizia algo como: “Quando Sinatra está na cidade, meu coração está com ele!”. O mesmo se aplica a mim quando sei que Ney Matogrosso vem a São Paulo para mais uma temporada de shows. Sempre faço o possível (e, por vezes, o impossível) para ver o belo astro em ação no esplendor de sua forma e energia.


Por mais que um show de Ney não seja “inédito” para os meus olhos e ouvidos, a emoção de sentir e presenciar a voz, o corpo e a alma que ele dedica a cada canção que ele interpreta ao vivo é renovável a cada espetáculo. Daí a necessidade de sempre retomarmos este encontro. Ele do palco, eu da plateia. Um detalhe importante: Ney já passou dos 70 anos e tem mais energia que muitos homens de 30! Além de termos uma aula imperdível de interpretação e voz no contexto da música brasileira, ele não deixa de ser uma inspiração para nós que tentamos insistir na magia da juventude.


Consagrado no Brasil e respeitado pelo mundo afora há pouco mais de quatro décadas, Ney Matogrosso podia se ancorar em velhas fórmulas e/ou repertório consagrados para retornar aos palcos. No entanto, os olhos de farol buscaram novos paradigmas para serem quebrados ao escolher um setlist praticamente inédito para o grande público. Nada de hits ou clássicos de Chico Buarque ou Luhli & Lucina desta vez: o show e CD Atento aos Sinais privilegiam a produção musical de nomes não tão recorrentes nos ouvidos do mainstream, como Itamar Assumpção, Pedro Luís, Vitor Ramil, Dan Nakagawa, Alzira Espíndola, Vitor Pirralho e alguns outros. Dos baluartes da MPB, Ney escolheu apenas dois lados B de Paulinho da Viola (compositor bissexto na voz do experiente Matogrosso) e Caetano Veloso.




Enquanto muitos artistas preferem subir no palco depois de lançar um CD de canções inéditas, Ney Matogrosso prefere apostar em uma estratégia incomum na indústria musical de hoje: investe primeiramente em shows para depois gravar e lançar um álbum com material inédito. Este processo chega a levar alguns meses para se completar, para estranhamento e encantamento do público que o acompanha há algum tempo. Quando assisti minha primeira apresentação de Atento aos Sinais, confesso que achei o show um tanto indie demais para o meu gosto. A partir do segundo show que vi, passei a gostar muito mais de tudo que presenciei, afinal de contas, é um tanto difícil gostar de coisas que não (necessariamente) conhecemos tão bem. A interpretação irreconhecível de Ney deste repertório teve um papel central neste processo – fazer com que Itamar Assumpção, Vitor Pirralho, Dan Nakagawa e Pedro Luís ficassem na ponta da minha língua é um digno trabalho de Hércules!



Além de desbravar novos horizontes nos palcos e no disco, o ano de 2013 trouxe novas empreitadas e parcerias para Ney Matogrosso. A mais importante destas, o documentário Olho Nu, que teve a direção de Joel Pizzini, refaz não apenas a trajetória de um dos cantores mais importantes da música brasileira, como também expande o olhar do homem e do artista em relação à vida, à arte e ao contexto no qual vive e atua com brilhantismo. Além disto, o espectador é brindado com um número sem fim de imagens de arquivo, vídeos antigos e recentes, locações inusitadas e depoimentos reveladores sobre o artista documentado.



Lembro-me de um episódio inusitado quando estive na estreia do filme em São Paulo: 1) Estava comentando com alguém a respeito da possível presença de Ney na projeção da fita e afirmando piamente que era impossível que o “home” desse as caras no Espaço Itaú de Cinema quando me deparo com Ney Matogrosso em carne e osso ao meu lado; 2) Estava ansiosamente sentado em uma cadeira no fundo da sala de cinema quando vejo Ney se sentando em uma cadeira na fileira da frente para ver o filme. Assistir a um documentário sobre meu artista preferido com ele sentado bem à frente de mim foi realmente um evento memorável...


Os passos tomados por Ney Matogrosso recentemente indicam que estamos diante de um artista que não olha para trás de forma alguma. Poderia aproveitar o momento de retrospectiva (documentário, 40 anos de carreira musical) para fazer um flashback de seu trabalho artístico. No entanto, sua decisão é projetar o seu olhar para o futuro e fazer uma crônica musical do tempo em que vivemos. Atento aos Sinais é um trabalho que reflete injustiças sociais (“Rua da Passagem [Trânsito]”, “Incêndio”), detalhes da intimidade em meio à selva urbana (“Noite Torta”, “Freguês da Meia-Noite”, “Beijos de Ímã”, “Não Consigo”) e críticas às firulas da modernidade (“Samba do Blackberry” e “Todo o Mundo o Tempo Todo”).


É bom saber que existem artistas que estão atentos aos sinais dos tempos atuais. Ney Matogrosso, esboçando uma jovialidade e energia típicas de um iniciante não é apenas fonte de inspiração para seus admiradores, é um exemplo que muitos artistas deveriam seguir para se manterem conectados com a cena musical que pulsa intensamente por aí. É por estas e muitas outras que desejamos vida longa ao nosso querido artista e que ele se mantenha atento e forte sempre!
  


* Este post vai com todo o meu carinho por Rosana Barbosa, para quem eu sempre escrevi relatos de shows do Ney.


26 de dezembro de 2013

TROVA # 28

“QUANDO EU ESTOU AQUI...”

40 anos de tradição, bicho...

Não sei se existem coisas novas.
Existem formas novas de fazer coisas antigas.
(Roberto Carlos)


No momento em que a frase do título ressoa na tela da TV, meus ouvidos já tremem de pânico e tédio! Programa especial de Roberto Carlos na TV Globo nunca foi exatamente um “momento lindo” para mim... E eles quase sempre vão ao ar na ressaca do dia 25 de dezembro!

Pretinho básico, nada disso! Branquinho básico, meu bem!

Roberto Carlos se tornou sinônimo de peru de Natal e rabanada. Não é o Menino Jesus, mas chega todo mês de Dezembro no plim-plim mais perto de você. E sempre cantando “Emoções” pela enésima vez, com o mesmo arranjo da gravação original (?!), sempre atirando rosas brancas e vermelhas para o palco ao som de “Jesus Cristo”, “Nossa Senhora”, "Jesus Salvador" ou outro hino religioso (ganhar dinheiro em cima de entidades do Catolicismo em um país que possui hordas e mais hordas de católicos é retorno financeiro garantido!)... Sempre tem uma participação do “meu amiiiigo” Erasmo Carlos (ok, o Gigante Gentil é sempre welcome!) e closes de câmera nas estrelas do cast da Globo na plateia e, lóóóógico, sempre tem terninhos brancos e/ou azuis para adornar aquele velho mullet horroroso!
Ah, claro: sempre tem aquele convidado que sempre está na crista da onda das playlists dos brasileiros no ano do especial em questão: nomes como Ângela Maria, Roberta Miranda, Maria Bethânia, Titãs, Gal Costa, Tim Maia, Cássia Eller, Alcione, Caetano Veloso, Rita Lee constam na mesma galeria na qual Chitãozinho & Xororó, Ivete Sangalo, Arlindo Cruz, Lulu Santos, Kátia Cega, Ana Carolina, Christian & Ralf, Simone, MC Leozinho, Sérgio Reis & Almir Sater, Cláudia Leitte, Angélica, Fagner, Calcinha Preta, Jota Quest, Michel Teló, Xuxa e Anitta também figuram, o que é um sinal claríssimo de que o gosto musical do Rei (um tanto duvidoso, às vezes!) para esconder os convidados de seu programa vai de acordo com o que está fazendo sucesso no momento... Para o especial de 2013 só faltou Lady Laura e Maria Rita (a esposa falecida de Roberto, não a irritante filha de Elis) para fechar o séquito do eterno filho e marido Roberto Carlos.

E vamos vestir um azul para variar um pouquinho...

Outra coisa que não podemos deixar de mencionar aqui: as superstições reais! E o que seria dos especiais de Roberto Carlos mais recentes sem elas? Vamos citar algumas: nenhum artista convidado pode usar preto ou marrom no palco ao lado de El Rey; cantar canções que falem do “mal”, “inferno” ou outras coisas menos cristãs nem pensar – afinal, Robertinho é um cara de família! –, não se pode sair pela mesma porta pela qual entrou e outras demonstrações de TOC que a Glória Maria acha lindo e a Hebe acharia que é uma GRA-CI-NHA! Para o especial deste ano, o artista quis um clima de Oscar e exigiu um blue carpet ao invés de um red carpet tradicional para que as estrelinhas da Globo desfilassem em noite de gala. Alguns dos convidados da noite tiveram que vestir azul e branco (ou as duas cores, why not?) para combinar com o Rei. Enquanto isso, vamos ouvindo os velhos hits que todo mundo já está cansado de ouvir: “Como É Grande O Meu Amor Por Você”, “Olha”, “Força Estranha”, “Esse Cara Sou Eu”, “Se Você Pensa”, “Jesus Cristo”, "Cavalgada", "Proposta", "Parei na Contramão", “Detalhes”, “Emoções”... E a mania (que ele acha de uma originalidaaaaaaade gigantesca!) de sempre querer entrar com um velho calhambeque no palco no início de cada apresentação?!?!?! São tantas emoções que vem desde os tempos da Jovem Guarda, bicho. O problema é que tem muita gente que já não atura mais ter que ver e ouvir a velha cantilena de sempre todo ano...

Xiiii.... Esse marrom aí da capa pode, Arnaldo?

(Um mea culpa antes de continuar: eu adoro assistir os especiais do Roberto Carlos na TV, pois sempre terei algo para dar umas boas risadas e, evidentemente, para fazer parte daquele grupo que desafina o coro das senhorinhas contentes, hehehehehehe! Até porque sintonizar a Globo para ver o Rei, seus ternos ridículos e seus súditos, fãs daquelas canções de amor "desde criancinha" é sempre fonte de gargalhadas garantidas!)...
Infelizmente o velho Roberto não conseguiu realizar suas taras e manias em seu especial de 2013. Não conseguiu entrar com o velho carrão no palco, pois era impossível chegar com o calhambeque no segundo andar de onde seria o seu show. Implicou com o nome do complexo “Cidade das Artes” por causa do cacófato inevitável que alude ao vocábulo “azar” (pecado mortal no reino da Urca, bicho!), implicou com o casaco preto de couro do amigo e parceiro Erasmo, que, tadinho, só tinha aquele figurino para vestir naquela noite... Não deve ter implicado com a cor e/ou tamanho do vestido da Anitta, provavelmente - ela estava dentro do Dress Code real. Em 2012, o especial de Roberto Carlos marcou míseros 10 pontos no Ibope. Para quem já marcou mais de 40 em tempos de vacas gordas, trata-se decadência a olhos vistos a cada Natal!
Remixar para requentar  aquela coisa sempre igual...

O que é mais incômodo em cada especial de Roberto Carlos que vai ao ar no final de cada ano é que existe pouquíssima (para não dizer NENHUMA) vontade de El Rey em se “modernizar” ou fazer diferente aquela coisa sempre igual. É a vitrine anual das excentricidades e idiossincrasias de um artista contraditório e polêmico que é o inimigo número 1 das biografias não-autorizadas e da liberdade de pensamento neste país. Isto vindo de uma pessoa que sempre expôs sua vida em praça pública via revistas de fofoca e a própria TV Globo. Chamar DJs para requentar os sucessos antigos via remixes para atrair o público jovem?! Isto era tendência na década de 1990, Sr. Roberto!  Chamar a funkeira Anitta ou o talentosíssimo Tiago Abravanel, que estão no auge do sucesso, para cantar ao seu lado?! Oportunismo barato, Sr. Roberto! Além disto, seu colega e ex-amigo Tim Maia teria ficado muito “P” da vida com tamanho oportunismo através da vida e obra do velho soulman brasileiro! Chamar Lulu Santos – eterno supra-sumo da chatice e da arrogância graças à escola de “Anas Gritolinas” chamado The Voice Brasil – para cantar “As Curvas da Estrada de Santos” com direito a firulas e surtos de bichice que fariam Clodovil Hernandez revirar no túmulo com tanta cafonice e viadagem?!?!?! Pagação de mico histórica, Meu Rei! Foi-se o tempo de que tudo que você gostava era “Imoral, Ilegal ou Engorda” e você contava tantas histórias sobre os botões daquela blusa... Isto deve ter sido em 1976, ou em 1979, ou em 1981, quando você ainda era referência de música de qualidade ou quando você era jovem...

Pô, bicho! Libera aí...

É, Roberto... você até tenta ser jovem, pena que há um oportunismo tradicional que corrói  a sua vida e a sua obra há mais de 20 anos. Antônio Fagundes desejou em rede nacional que você faça especiais de TV por mais 40 anos. Sinceramente, nós não queremos mais isto tudo, El Rey. Por isso, desejo de coração, através deste humilde texto, que você pare de fazer especiais na Rede Globo enquanto você tiver nada de genuinamente novo para dizer (um disco de inéditas, quem sabe?) e, principalmente, que você libere aquela biografia monumental que o Paulo César de Araújo escreveu sobre você... Assim, velho Rei, você pode envelhecer mais dignamente, manter a sua velha e empoeirada coroa, além de entrar para a história da música brasileira como um artista que, um dia, foi Inimitável.

Leia alguns textos sobre as “Taras & Manias” do Rei:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/145044-hoje-e-dia-de-mania.shtml
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-especial-de-roberto-carlos-e-o-simbolo-da-ressaca-do-natal-e-da-irrelevancia-hoje-dele-e-da-globo/

E para quem quiser ler a biografia que Paulo César de Araújo escreveu e publicou, mas o Rei proibiu:
http://www.mediafire.com/download/ht29j0do6zdb450/RC+LIVRO.rar

26 de novembro de 2013

TROVA # 27

                                         SWEET JONI 

Roberta Joan Anderson se apaixonou primeiro pela pintura antes de gravar obras-primas da música do século XX.

And the seasons they go round and round
And the painted ponies go up and down
We’re captive on the carousel of time
We can’t return, we can only look behind
From where we came
And go round and round and round
In the circle game
(Joni Mitchell – “The Circle Game”)

Joni Mitchell na capa de Hejira (1976)

         A partir do dia 7 de novembro de 2013, o time dos setentões ilustres ganhou mais uma integrante de peso: a canadense Roberta Joan Anderson, mais conhecida entre nós, meros terráqueos, como Joni Mitchell. Artista plural – cantora, compositora, poeta, pintora – Joni é uma das artistas mais importantes e influentes do universo da música do planeta. Chegar aos 70 anos de idade não é apenas uma oportunidade de celebrar sua vida, como também é um momento de reverenciar uma obra irrepreensível e de uma magnitude impressionante.


Joni no início da carreira, quando era uma jovem com um violão na mão e muita coisa para dizer ao mundo...

          Joni surgiu como uma mera cantora de Folk Music em duo com o ex-marido, Chuck Mitchell (de quem herdou o sobrenome). Tudo o que tinha, lá pelos idos dos 1960s era um violão e um banquinho, tal qual pregava a cartilha despojada do bom e velho Folk. Seu primeiro disco, Song for a Seagull, veio a público em 1968 – na época, a Sra. Mitchell, já divorciada, já era respeitada como compositora e tinha canções de sua autoria gravadas por Judy Collins, um dos pilares da música norte-americana. A jovem de quase 30 anos de idade já filosofava sobre o amor e a vida em um de seus maiores clássicos, “Both Sides, Now” (“I’ve looked at life from both sides, now /From win and lose and still somehow /It’s life’s illusions I recall / I really don’t know life at all // I’ve looked at life from both sides now / From up and down, and still somehow / It’s life’s illusions I recall / I really don’t know life at all ”), e encantava os amantes da boa música com versos e sons tão profundos e inteligentes.


Os cabelos loiros e longos sempre foram a marca registrada de Mrs. Mitchell.

         Mrs. Mitchell se encontra na mesma galeria de artistas que fazem da canção instrumento para audição de versos que se assimilam a poemas que merecem ser lidos e discutidos em aula de Literatura. Está à altura de gênios como Bob Dylan e Leonard Cohen. É referência para mulheres  mais jovens como Jewel, kd Lang, Madeleine Peyroux, Norah Jones, Taylor Swift e até artistas da canção brasileira como Zélia Duncan e Tulipa Ruiz. Gravou com lendas da música como Charles Mingus, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Neil Young, Jaco Pastorius, Pat Metheny, Michael Brecker, Don Alias, James Taylor, Michael McDonald e The Band. É autora de álbuns clássicos e atemporais como Clouds (1969), Blue (1971), Court & Spark (1974), Hejira (1976), Mingus (1979), Wild Things Run Fast (1982) e Turbulent Indigo (1994), títulos nos quais vai do Folk, passa pelo Rock e pelo Jazz e volta ao seu bom e velho violão para expressar seus pensamentos sobre o universo e alguns dos fenômenos que fazem parte dele.


Joni Mitchell sempre foi reconhecida por seus colegas, pelo grande público e respeitada por artistas de gerações posteriores.

         Na década de 2000, Joni gravou dois álbuns sinfônicos – Both Sides, Now! (2000) e Travelogue (2002) – nos quais dedicou sua verve de intérprete. A voz de contralto, que antes alcançava agudos encantadores, já não era mais a mesma devido ao passar do tempo e ao constante uso de nicotina (é praticamente impossível dissociar a imagem de Joni Mitchell dos cigarros acesos!), mas tinha a experiência de ter vivido uma vida inteira para poder cantar não apenas os conflitos retratados nas canções, como também 10 standards da música norte-americana. Suas versões para “You’re My Thrill” (Jay Gormey & Sidney Clare), “Comes Love” (Sam H. Stept, Lew Brown & Charles Tobias), “You’ve Changed” (Bill Carey & Carl Fischer) e “Stormy Weather”(Harold Arlen & Ted Koehler), além das regravações de “A Case of You”, “Amelia”, “Sex Kills”, “Woodstock”, “Trouble Child”, “Love”, “Cherokee Louise”, “The Circle Game” e da já citada “Both Sides, Now” são repletas de emoção, sentimento e tem o poder de encantar qualquer fã de boa arte.

O violão não é o companheiro inseparável de Joni. Este lugar foi ocupado há muitos anos pelo cigarro...


Both Sides, Now! (2000)


        
Na época em que lançou Travelogue, Joni Mitchell anunciou que aquele seria seu último disco, para tristeza de muitos fãs. A artista alegou que era necessário se aposentar e cuidar da saúde, que sempre fora debilitada por inúmeras doenças. Além disso, poderia ter mais tempo a se dedicar à filha e aos netos e viver o esplendor da chamada “terceira idade”. Em 2007, abriu exceção ao lançar Shine, depois de nove anos sem inéditas. Depois disso, aparece poucas vezes em público e dá poucas entrevistas. Em meados de 2013, fez algumas apresentações para comemorar seus 70 anos de idade e, aparentemente, não há planos para novos projetos.

Travelogue (2002)

         Foi graças a um presente de aniversário que eu ganhei anos atrás que pude conhecer melhor o trabalho de Joni. Foi paixão à primeira vista! Depois daquele disco, comecei a sonhar com boeings 747 que voavam por fazendas geométricas ou a dizer que somos meramente poeira das estrelas e que (sempre) devemos voltar àquele velho jardim para aprender e sonhar. Já que sonhar não nos custa absolutamente nada, sempre há motivos para ouvir a obra de Joni Mitchell e viajar por céus sonoros e coloridos...

Clouds (1969)


UMA BREVE ANTOLOGIA DE
JONI MITCHELL:

The ghost of aviation
She was swallowed by the sky
Or by the sea, like me she had a dream to fly
Like Icarus ascending
On beautiful foolish arms
Amelia, it was just a false alarm
(Amelia, 1976)
Love suffers long
Love is kind!
Enduring all things
Hoping all things
Love has no evil in mind.
(Love – I Corinthians 13 –, 1982)
By the time we got to Woodstock
We were half a million strong
And everywhere you looked there was song and celebration”.
(Woodstock, 1970)
Let me speak, let me spit out mu bitterness –
Born of grief and nights without sleep and festering flesh.
(The Sire of Sorrow – Job’s Sad Song, 1994)
So what are you going to do about it
You can’t live life and you can’t leave it
Advice and religion – you can’t take it
You can’t seem to believe it
The peacock is afraid to parade
You’re under the thumb of the maid
You really can’t give love in this condition
Still you know how you need it
(Trouble Child, 1974)
Which would it be
Mingus one or two or three
Which one do you think he’d want the world to see
Well, world’s opinion’s not a lot of help
When a man’s only trying to find out
How to feel about himself!
In the plan – oh!
The cock-eyed plan
God must be a boogie man!
(God Must Be A Boogie Man, 1979)
Don’t get jealous
Don’t get over-zealous
Be cool
Kiss off that flaky valentine
You’re nobody’s fool
(Be Cool, 1982)
I used to count lovers like railroad cars
I counted them on my side
Lately I don’t count on nothing
I just let things slide
(Just Like This Train, 1974)
All these jackoffs in the office
The rapist in the pool
Oh and the tragedies in the nurseries
Little kids packin’ guns to school
The ulcerated ozone
These tumors of the skin
It’s a hostile sun beatin’ down now
On the massive mess we’re in!
And the gas leaks
And the oil spills
And sex sells everything
And sex kills
(Sex Kills, 1994)
These are the clouds of Michelangelo
Muscular with gods and sungold
I’ll shine on your witness taking refuge in the roads
(Refuge of The Roads, 1976)

ASSISTA A UMA ENTREVISTA CONCEDIDA POR
JONI MITCHELL EM 2013:



MAIS SOBRE
JONI MITCHELL NA INTERNET:

Texto de Zélia Duncan sobre Joni Mitchell

Site oficial de Joni