13 de novembro de 2012

TROVA # 13*


VIVER: PAIXÃO INVENCÍVEL

Se eu pudesse escolher uma canção para cantar para a lindona da KD Lang, eu escolheria uma do Billy Paul que diz assim: "Thanks for savin' my life, /  for pickin' me up / Dusting me off, making me feel like I'm livin' again..."
 

"Há em tudo o que fazemos
uma razão singular:
É que não é o que queremos
Faz-se porque nós vivemos
E viver é não pensar.
Se alguém pensasse na vida
morria de pensamento.
Por isso, a vida vivida
é essa coisa esquecida
entre um momento e um momento.
Mas nada importa que o seja
ou até que deixe de o ser:
mal é que a moral nos reja,
bom é que ninguém nos veja;
Entre isso fica viver"
(Fernando Pessoa, citado por Zélia Duncan em seu show Pelo Sabor do Gesto)



            Gosto de viver, apesar de saber que esta é uma tarefa bem difícil. Gosto de escrever, mesmo sabendo que o tempo que eu tenho para me dedicar a este blog é bem menor do que eu gostaria. Gosto muito de me expressar, pois sei que cada post é uma tentativa que faço para compreender o universo e expor a maneira pela qual eu vejo as coisas.

            Não tive tantas razões para sorrir nos últimos 30 dias. A decepção com algumas pessoas me fez paralisar temporariamente, porém como bom aquariano que sou, meu lema é sempre o mesmo: andar para frente sem ficar perdendo muito tempo com o que ficou para trás, afinal fazer um museu de si próprio não é nada interessante – é, muitas vezes, uma tremenda tortura.

            E o que podemos fazer para espantar a tristeza e a decepção do nosso caminho? Ouvir música da boa, é claro! Certa vez, depois de um final de semana prolongado que eu enterrei no museu dos meus esquecimentos, me lembrei de um escrito em uma camiseta de uma roqueira brasileira famosa que dizia “Music Saves” – nunca pensei que isto fosse soar algo tão genuíno – e resolvi fazer minhas andanças em busca de novas aquisições musicais para a minha vasta coleção de CDs. Estava caminhando pela rua Teodoro Sampaio, em São Paulo, quando achei um título que há muito tempo queria conhecer: uma coletânea de KD Lang chamada Recollection. Ao encontrar aquela maravilha em promoção em um sebo da Teodoro, veio a lembrança de que Lang cantava uma das canções mais alegres que eu já ouvi em 30 e poucos anos de retinas um tanto fatigadas: “Summerfling”. Ao saber que esta (além de outros hits) compunha o CD duplo que eu encontrei nas minhas mãos em um dia nefasto do mês de outubro, resolvi não pensar duas vezes e peguei o cartão de crédito para efetuar a compra!

Uma coleção e tanto! OUÇA!!!

            “Summerfling” é mais do que uma mera declaração de amor a uma paixão (passageira ou não!), é uma ode e tanto à vida com direito à alegria do verão que existe dentro de cada um de nós. É um recado aos que estão alegres e tristes, é uma celebração da felicidade que existe nas coisas simples e no simples fato de como é importante estarmos ao lado de quem nos quer bem...


SUMMERFLING
(K.D. Lang / David Plitch - 2000)
Early morning mid July
Anticipation`s making me high
The smell of Sunday in our hair
We ran on the beach with Kennedy flair

Sweet, sweet burn of sun and summer wind
And you my friend, my new fun thing, my summerfling
Laugh, oh how we would laugh at anything
And so pretend a never ending summerfling

This uncommon kinda breeze
Did with our hearts whatever it pleased
Forsake the logic of perfect plans
A perfect moment slipped through our hands

Sweet, sweet burn of sun and summer wind
And you my friend, my new fun thing, my summerfling
Laugh, oh how we would laugh at anything
And so pretend a never ending summerfling

Strange the wind can change so quickly without a word of warning
Rearrange our lives until they`re torn in two

Sweet, sweet burn of sun and summer wind
And you my friend, my new fun thing, my summerfling
Laugh, oh how we would laugh at anything
And so pretend a never ending summerfling


            O clipe de “Summerfling” mostra uma KD Lang sorridente, quase esfuziante, surpreendentemente feminina e, principalmente, vivendo o que a vida pode nos proporcionar de melhor. Há momentos em que necessitamos de determinados tropeços para que possamos sorrir com mais intensidade, por isso, se existem portas que se fecham, certamente haverá portões que se abrem para nós. George Harrison dizia, afinal, que “Love Comes to Everyone” – e, quer saber? Ele estava certíssimo!


Love Comes to Everyone
(George Harrison - 1979)
Go do it,
Got to go through that door,
There's no easy way out at all . . .
Still it only takes time
'Til love comes to everyone.
For you who it always seems blue
It all comes, it never rains
But it pours,
Still it only takes time . . .
'Til love comes to everyone.
There in your heart . . .
Something that's never changing;
Always a part of . . .
Something that's never ageing,
That's in your heart . . .
It's so true it can happen to you all; there,
Knock and it will open wide,
And it only takes time
'Til love comes to everyone.


            Por fim, o melhor é ser como a KD Lang – a quem eu devo a proeza de ter me salvo naquele tal dia – e (tentar) viver a vida como se ela fosse um eterno verão, uma eterna paixão de carnaval. Como a minha memória e os meus pensamentos são extremamente musicais, me lembrei de “Not Too Late”, uma das canções mais bonitas do repertório de Norah Jones, outra cantora de quem eu gosto muitíssimo. Quando estamos em vida, nunca é tarde para dizermos o quanto nos importamos com quem nós amamos.


NOT TOO LATE
(Norah Jones / Lee Alexander - 2006)
Tell me how you've been,
Tell what you've seen,
Tell me that you'd like to see me too.
'Cause my heart is full of no blood,
My cup is full of no love,
Couldn't take another sip even if I wanted.
But it's not too late,
It’s not too late for love.
My lungs are out of air,
Yours are holding smoke,
And it's been like that for so long.
I've seen people try to change,
And I know it isn't easy,
But nothin' worth the time ever really is.
And it's not too late,
It's not too late for love,
For love,
For love,
For love.


Depois que o mal já estiver feito e/ou depois que partirmos para o próximo plano – se é que realmente há um –, não vale a pena rememorar o que ficou para trás, basta esquecer (principalmente daquelas pessoas que te fazem mal!) o que ficou pelo caminho. Vale viver o que a vida nos oferece. Com resignação, mas sem excessos de conformismo – afinal, o sistema adora pessoas que se conformam com tudo e eu não estou aqui para me conformar, estou para ir adiante...

 E que o ex-Beatle fale por todos nós!!!

Blow Away
(George Harrison - 1981)
Day turned black, sky ripped apart
Rained for a year 'til it dampened my heart
Cracks and leaks
The floorboards caught rot
About to go down
I'd almost forgot.
All I got to do is to love you
All I got to be is, be happy
All it's got to take is some warmth to make it
Blow Away, Blow Away, Blow Away.
Sky cleared up, day turned to bright
Closing both eyes now the head filled with light
Hard to remember what a state I was in
Instant amnesia
Yang to the Yin.
All I got to do is to love you
All I got to be is, be happy
All it's got to take is some warmth to make it
Blow Away, Blow Away, Blow Away.
Wind blew in, cloud was dispersed
Rainbows appearing, the pressures were burst
Breezes a-singing, now feeling good
The moment had passed
Like I knew that it should.
All I got to do is to love you
All I got to be is, be happy
All it's got to take is some warmth to make it
Blow Away, Blow Away, Blow Away…


* O post de hoje é dedicado a todos os meus amigos que passam por aqui, em especial para o Nilton M. Serra, que completa 31 anos de idade no mesmo dia em que a Trova # 13 vai ao ar!