A
VERDADE, ACIMA DE TUDO
"I'm sick
and tired of hearing things
From uptight,
short-sighted, narrow-minded hypocritics
All I want is
the truth
Just gimme
some truth
I’ve had
enough of reading things
By neurotic,
psychotic, pig-headed politicians
All I want is
the truth
Just gimme
some truth
No
short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna
mother hubbard soft soap me
With just a
pocketful of hope
Money for dope
Money for rope
No short-haired,
yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna
mother hubbard soft soap me
With just a
pocketful of soap
Money for dope
Money for rope
I'm sick to
death of seeing things
From
tight-lipped, condescending, mamas little chauvinists
All I want is
the truth
Just gimme
some truth now
I've had
enough of watching scenes
Of
schizophrenic, ego-centric, paranoiac, prima-donnas
All I want is
the truth now
Just gimme
some truth
No
short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna
mother hubbard soft soap me
With just a
pocketful of soap
Its money for
dope
Money for rope
Ah, I'm sick
and tired of hearing things
From uptight,
short-sighted, narrow-minded hypocrites
All I want is
the truth now
Just gimme
some truth now
Ive had enough
of reading things
By neurotic,
psychotic, pig-headed politicians
All I want is
the truth now
Just gimme
some truth now
All I want is
the truth now
Just gimme
some truth now
All I want is
the truth
Just gimme
some truth
All I want is
the truth
Just gimme
some truth"
(John Lennon, 1971)
Uma das canções mais fortes do
repertório de John Lennon está eternizada em seu segundo álbum após a
dissolução dos Beatles: "Gimme Some Truth", primeira faixa do lado B
de Imagine
(1971), denuncia um sentimento de cansaço de hipócritas, de prima-donnas
inúteis, de políticos porcos, limitados
e de pouca visão. Lennon escrevia sobre as pessoas que faziam o mundo do início
dos anos 1970. Ao reouvir a canção na segunda metade dos anos 2010, já em pleno
século XXI, tenho a impressão de que pouco mudou no Brasil e no mundo de lá
para cá.
O conceito de verdade, segundo o
dicionário Houaiss, nos diz: "propriedade detestar conforme os fatos ou a
realidade; exatidão, autenticidade, veracidade". O grande problema das
pessoas hoje é que elas assumiram para si os conceitos mais particulares do que
é verdadeiro, sem levar em conta a consistência dos fatos e as consequências
deles. A partir deste fator, devemos pensar em alguns aspectos.
Diante deste caos, a quantidade de
notícias falsas que se espalham pelo espaço público é simplesmente absurda. O
que leva isto a acontecer com tanta frequência em pleno século XXI, momento no
qual a informação se propaga com uma rapidez escandalosa? A preguiça das
pessoas em verificar a consistência das informações é um fato determinante - muitos
não leem ou analisam o que compartilham nas redes sociais e a barbárie se faz
através dos botões like e share.
A expressão que mais tem sido utilizada
no presente momento é o de “pós-verdade”. Apesar de algumas explicações bem
fundamentadas, não consegui mudar minha opinião acerca desta “nova” ideia: para
mim, é nada mais, nada menos do que a
verdade que bem lhe convém. Tendo em vista que as redes sociais e a grande
mídia têm dado voz a lúcidos e aos idiotas de plantão, torna-se ainda mais
difícil para mim encontrar outra interpretação. Cada um possui suas verdades
pessoais, as suas pós-verdades e muitos querem impor suas concepções como se
fossem fatos verdadeiros absolutos.
Depois de 2013 e do golpe de estado
parlamentar que atingiu a democracia brasileira três anos depois, as falácias
conservadoras tem encontrado eco em muitas pessoas que se diziam apolíticas ou
desinteressadas em política. De uma hora para outra, a sensação que eu tenho é
de que todo mundo se politizou de uma tal maneira a ponto de provocar uma
polarização nos debates e discussões que extrapolam os limites de respeito e da
sensatez. Os direitos à liberdade de grupos minoritários são ignorados em prol
do sucesso de instituições financeiras e de meia dúzia de famílias
endinheiradas que controlam o país na base da rédea curta.
As pessoas que não possuem o hábito de
estudo, de leitura e não são versadas em uma tradição humanitária e reflexiva,
adotam o discurso da elite como se fosse o seu e dão projeção a vozes
ultraconservadoras que alegam serem a opção para a corrupção presente no Brasil
desde a sua fundação. Quando as manifestações públicas de 2013 culminaram nos
protestos que clamavam os brasileiros a tomarem as ruas de 2015 em diante,
esses desinformados pelo GAFE (o conglomerado formado pelos grupos Globo, Abril,
Folha e Estadão) se converteram na mesma espécie de massa de manobra que nos
levou para uma ditadura reacionária e sangrenta de mais de duas décadas.
Se quisermos evitar a máxima famosa de
Karl Marx de que a história se repete pela primeira vez como tragédia e a
segunda como farsa, devemos rasgar os estatutos hipócritas e buscar a natureza
humana das coisas, o respeito por todas as partes, exigir a verdade, acima de
tudo. É ela que nos liberta, é ela que nos fará cidadãos mais justos e honestos
em um país repleto de contradições. Assim, afastamos os hipócritas,
chauvinistas, egocêntricos, paranoicos e psicóticos de plantão...