13 de outubro de 2014

TROVA # 38

O JOGO PERIGOSO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
(ou "Vote em Mim!")


A cada quatro anos votamos para Presidente da República. Desde que a Ditadura Militar foi extinta e a democracia voltou para a pauta política do Brasil aos poucos, não temos outra saída a não ser "participar da festa da democracia". Desde a reimplantação do regime democrático neste país há quase três décadas, elegemos um morto que nos trouxe um vice-presidente oligárquico e incompetente, um Casanova lunático e que foi derrubado após dois anos de um governo corrupto e que massacrou os Trabalhadores, um sociólogo que colocou a economia brasileira dentro de um certo eixo em quatro anos de governo (mas que cometeu o erro fatal de ser reeleito através de uma compra de votos e teve que enfrentar uma das crises econômicas mundiais mais agudas da História - e como havíamos nos alinhado desastrosamente a um único país, todo o reflexo se deu nas nossas casas) e que ordenou que esqueçamos tudo o que ele tinha escrito em anos e anos de carreira e militância acadêmica, um ex-metalúrgico messiânico e que chegou ao poder através da aliança com setores duvidosos do Poder e procurou governar para ricos e pobres (e cometeu o deslize de dizer que "não sabia" dos escândalos de corrupção em seu governo) e a Primeira Mulher a ocupar o Posto político mais alto da República Brasileira.
O Brasil mudou um pouco nestes anos de democracia ainda infantil e cambaleante. A corrupção, em parte, deixou de ser algo ignorado pela sociedade e passou a ser julgada e condenada pela burocrática e ineficiente Justiça brasileira. A miséria, antes uma constante entre milhares de brasileiros, passou a ser erradicada por programas governamentais que passaram a fazer algo pelos estratos sociais menos favorecidos da população. As minorias deixaram de ser integralmente achincalhadas para receber um pouco de consideração e respeito de muitos (não de todos, ainda...). A Classe Média, eterna reclamona, passou a viver melhor e a ter mais poder de consumo (nunca se viajou tanto para Miami e Orlando, não é mesmo?). No entanto, existe UM fenômeno que não mudou: a burrice e o egoísmo das elites brasileiras, que não reconhece os avanços feitos pelos últimos 12 anos de governo democrático. Além de desprezar (e até zombar!) dos programas sociais do atual governo, tem o poder perverso de influenciar as mentalidades daqueles que não possuem a capacidade e/ou senso crítico para enxergar os pontos positivos e insistem na maximização dos negativos.
Um dos pontos mais salientados pela "Direita" é a corrupção do Partido dos Trabalhadores. Ponto condenável, desprezível e importante de ser discutido pela sociedade brasileira SE o Partido da Social Democracia Brasileira não tivesse também sido acusado de escândalos causados por Partidários corruptos. Infelizmente, a corruptela brasileira não foi inventada em 1995 ou em 2004, ela SEMPRE fez parte da vida política brasileira. O pior é saber que não existe um verdadeiro exame histórico e um senso mais crítico por parte daqueles que criticam o governo feito pelo PT. As falhas indubitavelmente existem, mas a opção que se apresenta não é tão íntegra e imaculada do que a opção que aí está! Veja o histórico de escândalos abafados por Aécio Neves nos anos mais recentes e tire suas conclusões. Trocar seis por meia dúzia é facílimo quando a opção que se apresenta é tão duvidosa e inócua quanto a que ocupa o Palácio do Planalto. Entretanto, trocar seis por um três é um retrocesso político, social e histórico.
Apesar do Brasil ter eleito Dilma Rousseff como a "Primeira Presidenta do Brasil", sempre existiu um machismo gigantesco em torno de sua figura. Os adjetivos utilizados pelos detratores da Autoridade Máxima da Nação são dignos de nojo. Sempre prestei atenção em sua figura austera e firme desde a época em que aquela Senhora se escondia por detrás das lentes de seus óculos enquanto foi Ministra dos Governos Lula. Seu passado enquanto guerrilheira durante os primeiros anos de Ditadura Militar é recorrentemente lembrado com muito orgulho e sofrimento - sua administração foi a única que teve a coragem de instaurar uma comissão investigativa dos crimes cometidos pelos militares durante os anos de repressão. Mesmo assim, não foram poucos os que se opuseram à intitulada "Comissão da Verdade". Muitos (ex-)combatentes da ativa tremeram nas bases quando foram questionados em relação aos malfeitos cometidos durante o regime de exceção. Abrir a cortina do passado e recolher a poeira ardilosa que foi jogada para debaixo dos tapetes da tortura foi uma tarefa que nenhuma administração teve a bravura de realizar.
Além disto, os escândalos de corrupção que envolvem/envolviam o PT foram investigados e punidos durante a Era Dilma. Os casos que (ainda) envolvem os governos do PSDB em São Paulo e Minas Gerais (dois redutos clássicos dos tucanos) estão longe de serem solucionados. As políticas sociais foram o eixo central dos programas de governo de Lula e de sua sucessora - o Bolsa-Familia, o Luz para Todos, o Ciência sem Fronteiras, o PRONATEC e o Minha Casa, Minha Vida foram programas que trouxeram muitos benefícios para as camadas menos favorecidas da sociedade brasileira. Nunca tivemos índices de fome e pobreza tão baixos desde 2003. Universidades públicas foram criadas em locais mais remotos para que surgissem outras alternativas para que aqueles que jamais pudessem estudar em uma faculdade pública pudessem ter a chance de terem um Diploma (e maiores oportunidades de trabalho) nas mãos. Enquanto isto, a USP padece nas mãos dos políticos do PSDB - a melhor Universidade do Brasil está com suas finanças no vermelho, passou por um período de greve enorme entre o primeiro e o segundo semestre de 2014, além de outros problemas estruturais gravíssimos...
As políticas dedicadas às minorias poderiam ir melhor. Nossa dívida com os negros começou a ser melhor paga a partir das administrações do PT - as cotas raciais, apesar de serem plenamente controversas, deram oportunidades para muitos afro-descendentes. A Lei Maria da Penha, por outro lado, está além de uma realidade que saiu do papel. No entanto, as medidas de favorecimento para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) estão longe de estarem concretizadas. A bancada conservadora no Congresso e na Câmara impede que direitos básicos desta minoria como a Lei que criminaliza a Homofobia seja votada, assinada e posta em prática. Se os petistas tiverem mais quatro anos em Brasília, terão que saldar este débito com muitos de nós. Se os tucanos retornarem ao Planalto, um enorme retrocesso em relação às políticas sociais entrará em curso, visto que, para Aécio Neves e seus correligionários, o Estado não deve intervir em questões sociais como estas, para não irmos além através de outros exemplos...
As elites, os trabalhadores e a Classe Média não possuem o direito de reclamar dos governos do PT. Dizem ser contra a corrupção petista, mas esquecem do quanto se favoreceram econômica e socialmente das administrações de Lula e Dilma. Os bancos, por exemplo, nunca lucraram TANTO em sua história. O IPI reduzido para os automóveis foi uma medida e tanto para que muitos tivessem um carro novo na garagem todo ano. Parece-me, portanto, que os setores mais abastados da sociedade brasileira, imbuídos de seu mais genuíno egoísmo, não querem dividir o bolo com os nossos "companheiros" nordestinos porque eles aceitam a Bolsa-Família. Demonizam as regiões Norte-Nordeste porque eles reconhecem a mão estendida pelas políticas sociais que mudaram o Brasil para melhor. Isto é, no mínimo, desesperador, pois revela um racismo e um preconceito em níveis que demonstram o quanto o Brasil é um país dividido e, infelizmente, retrógrado!
Se Dilma Rousseff for reeleita por mais quatro anos, gostaria que ela fosse uma Presidente tal qual foi descrita por Rita Lee em "Vote em Mim", canção lançada por Rita e Roberto de Carvalho em seu LP de 1982. A canção que fecha o primeiro lado do LP de Ritz retrata uma chefe da nação que pretende presidir nossos corpos, governando e anarquizando a partir de uma plataforma "do Prazer total", fazer comícios no hospício e jorrar petróleo por quaisquer orifícios. Tudo sem um pingo de demagogia, o que torna o jogo mais honesto, porém mais perigoso!


Por isto que elencados aqui e tudo o mais, faço deste post uma conclamação, um pedido para que deixemos os discursos tradicionais midiáticos, o machismo e os demais preconceitos de lado para que a Mulher mais importante do Brasil entre 2010 e 2014 dê continuidade ao seu projeto de mudanças por mais quatro anos. Fazer com o Futuro brasileiro seja melhor do que o Presente é algo que, de certa maneira, foi concretizado. Analisem as propostas que aí estão e faça uma escolha ajuizada... Se isto não for possível, ouça Rita Lee e veja, através dela, qual seria a melhor opção para o Brasil! Talvez dê certo...



Antes que eu me esqueça: eu acredito em você, Dilma Rousseff! Voto "13" depois de anos longe das urnas para que você consiga fazer as reformas das quais o Brasil tanto precisa...