O JOGO PERIGOSO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
(ou "Vote em Mim!")
A cada quatro anos votamos para Presidente da República.
Desde que a Ditadura Militar foi extinta e a democracia voltou para a pauta
política do Brasil aos poucos, não temos outra saída a não ser "participar
da festa da democracia". Desde a reimplantação do regime democrático neste
país há quase três décadas, elegemos um morto que nos trouxe um vice-presidente
oligárquico e incompetente, um Casanova lunático e que foi derrubado após dois
anos de um governo corrupto e que massacrou os Trabalhadores, um sociólogo que
colocou a economia brasileira dentro de um certo eixo em quatro anos de governo
(mas que cometeu o erro fatal de ser reeleito através de uma compra de votos e
teve que enfrentar uma das crises econômicas mundiais mais agudas da História -
e como havíamos nos alinhado desastrosamente a um único país, todo o reflexo se
deu nas nossas casas) e que ordenou que esqueçamos tudo o que ele tinha escrito
em anos e anos de carreira e militância acadêmica, um ex-metalúrgico messiânico
e que chegou ao poder através da aliança com setores duvidosos do Poder e
procurou governar para ricos e pobres (e cometeu o deslize de dizer que
"não sabia" dos escândalos de corrupção em seu governo) e a Primeira
Mulher a ocupar o Posto político mais alto da República Brasileira.
O Brasil mudou um pouco nestes anos de democracia ainda
infantil e cambaleante. A corrupção, em parte, deixou de ser algo ignorado pela
sociedade e passou a ser julgada e condenada pela burocrática e ineficiente
Justiça brasileira. A miséria, antes uma constante entre milhares de
brasileiros, passou a ser erradicada por programas governamentais que passaram
a fazer algo pelos estratos sociais menos favorecidos da população. As minorias
deixaram de ser integralmente achincalhadas para receber um pouco de
consideração e respeito de muitos (não de todos, ainda...). A Classe Média,
eterna reclamona, passou a viver melhor e a ter mais poder de consumo (nunca se
viajou tanto para Miami e Orlando, não é mesmo?). No entanto, existe UM
fenômeno que não mudou: a burrice e o egoísmo das elites brasileiras, que não
reconhece os avanços feitos pelos últimos 12 anos de governo democrático. Além
de desprezar (e até zombar!) dos programas sociais do atual governo, tem o
poder perverso de influenciar as mentalidades daqueles que não possuem a
capacidade e/ou senso crítico para enxergar os pontos positivos e insistem na
maximização dos negativos.
Um dos pontos mais salientados pela "Direita" é a
corrupção do Partido dos Trabalhadores. Ponto condenável, desprezível e
importante de ser discutido pela sociedade brasileira SE o Partido da Social
Democracia Brasileira não tivesse também sido acusado de
escândalos causados por Partidários corruptos. Infelizmente, a corruptela
brasileira não foi inventada em 1995 ou em 2004, ela SEMPRE fez parte da vida
política brasileira. O pior é saber que não existe um verdadeiro exame
histórico e um senso mais crítico por parte daqueles que criticam o governo
feito pelo PT. As falhas indubitavelmente existem, mas a opção que se apresenta
não é tão íntegra e imaculada do que a opção que aí está! Veja o histórico de
escândalos abafados por Aécio Neves nos anos mais recentes e tire suas
conclusões. Trocar seis por meia dúzia é facílimo quando a opção que se
apresenta é tão duvidosa e inócua quanto a que ocupa o Palácio do Planalto.
Entretanto, trocar seis por um três é um retrocesso político, social e
histórico.
Apesar do Brasil ter eleito Dilma Rousseff como a
"Primeira Presidenta do Brasil", sempre existiu um machismo
gigantesco em torno de sua figura. Os adjetivos utilizados pelos detratores da
Autoridade Máxima da Nação são dignos de nojo. Sempre prestei atenção em sua
figura austera e firme desde a época em que aquela Senhora se escondia por
detrás das lentes de seus óculos enquanto foi Ministra dos Governos Lula. Seu
passado enquanto guerrilheira durante os primeiros anos de Ditadura Militar é
recorrentemente lembrado com muito orgulho e sofrimento - sua administração foi
a única que teve a coragem de instaurar uma comissão investigativa dos crimes
cometidos pelos militares durante os anos de repressão. Mesmo assim, não foram
poucos os que se opuseram à intitulada "Comissão da Verdade". Muitos
(ex-)combatentes da ativa tremeram nas bases quando foram questionados em
relação aos malfeitos cometidos durante o regime de exceção. Abrir a cortina do
passado e recolher a poeira ardilosa que foi jogada para debaixo dos tapetes da
tortura foi uma tarefa que nenhuma administração teve a bravura de realizar.
Além disto, os escândalos de corrupção que envolvem/envolviam
o PT foram investigados e punidos durante a Era Dilma. Os casos que (ainda)
envolvem os governos do PSDB em São Paulo e Minas Gerais (dois redutos
clássicos dos tucanos) estão longe de serem solucionados. As políticas sociais
foram o eixo central dos programas de governo de Lula e de sua sucessora - o
Bolsa-Familia, o Luz para Todos, o Ciência sem Fronteiras, o PRONATEC e o Minha
Casa, Minha Vida foram programas que trouxeram muitos benefícios para as
camadas menos favorecidas da sociedade brasileira. Nunca tivemos índices de
fome e pobreza tão baixos desde 2003. Universidades públicas foram criadas em
locais mais remotos para que surgissem outras alternativas para que aqueles que
jamais pudessem estudar em uma faculdade pública pudessem ter a chance de terem
um Diploma (e maiores oportunidades de trabalho) nas mãos. Enquanto isto, a USP
padece nas mãos dos políticos do PSDB - a melhor Universidade do Brasil está
com suas finanças no vermelho, passou por um período de greve enorme entre o
primeiro e o segundo semestre de 2014, além de outros problemas estruturais
gravíssimos...
As políticas dedicadas às minorias poderiam ir melhor. Nossa
dívida com os negros começou a ser melhor paga a partir das administrações do
PT - as cotas raciais, apesar de serem plenamente controversas, deram
oportunidades para muitos afro-descendentes. A Lei Maria da Penha, por outro
lado, está além de uma realidade que saiu do papel. No entanto, as medidas de
favorecimento para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais)
estão longe de estarem concretizadas. A bancada conservadora no Congresso e na
Câmara impede que direitos básicos desta minoria como a Lei que criminaliza a
Homofobia seja votada, assinada e posta em prática. Se os petistas tiverem mais
quatro anos em Brasília, terão que saldar este débito com muitos de nós. Se os
tucanos retornarem ao Planalto, um enorme retrocesso em relação às políticas
sociais entrará em curso, visto que, para Aécio Neves e seus correligionários,
o Estado não deve intervir em questões sociais como estas, para não irmos além
através de outros exemplos...
As elites, os trabalhadores e a Classe Média não possuem o
direito de reclamar dos governos do PT. Dizem ser contra a corrupção petista,
mas esquecem do quanto se favoreceram econômica e socialmente das
administrações de Lula e Dilma. Os bancos, por exemplo, nunca lucraram TANTO em
sua história. O IPI reduzido para os automóveis foi uma medida e tanto para que
muitos tivessem um carro novo na garagem todo ano. Parece-me, portanto, que os
setores mais abastados da sociedade brasileira, imbuídos de seu mais genuíno
egoísmo, não querem dividir o bolo com os nossos "companheiros"
nordestinos porque eles aceitam a Bolsa-Família. Demonizam as regiões
Norte-Nordeste porque eles reconhecem a mão estendida pelas políticas sociais
que mudaram o Brasil para melhor. Isto é, no mínimo, desesperador, pois revela
um racismo e um preconceito em níveis que demonstram o quanto o Brasil é um
país dividido e, infelizmente, retrógrado!
Se Dilma Rousseff for reeleita por mais quatro anos, gostaria
que ela fosse uma Presidente tal qual foi descrita por Rita Lee em "Vote
em Mim", canção lançada por Rita e Roberto de Carvalho em seu LP de 1982.
A canção que fecha o primeiro lado do LP de Ritz retrata uma chefe da nação que
pretende presidir nossos corpos, governando e anarquizando a partir de uma
plataforma "do Prazer total",
fazer comícios no hospício e jorrar petróleo por quaisquer orifícios. Tudo sem
um pingo de demagogia, o que torna o jogo mais honesto, porém mais perigoso!
Por isto que elencados aqui e tudo o mais, faço deste post
uma conclamação, um pedido para que deixemos os discursos tradicionais
midiáticos, o machismo e os demais preconceitos de lado para que a Mulher mais
importante do Brasil entre 2010 e 2014 dê continuidade ao seu projeto de
mudanças por mais quatro anos. Fazer com o Futuro brasileiro seja melhor do que
o Presente é algo que, de certa maneira, foi concretizado. Analisem as
propostas que aí estão e faça uma escolha ajuizada... Se isto não for possível,
ouça Rita Lee e veja, através dela, qual seria a melhor opção para o Brasil!
Talvez dê certo...
Antes que eu me esqueça: eu acredito em você, Dilma Rousseff!
Voto "13" depois de anos longe das
urnas para que você consiga fazer as reformas das quais o Brasil tanto
precisa...