SWEET JONI
Roberta Joan Anderson se apaixonou primeiro pela pintura antes de gravar obras-primas da música do século XX. |
“And the seasons
they go round and round
And the
painted ponies go up and down
We’re captive
on the carousel of time
We can’t
return, we can only look behind
From where we
came
And go round
and round and round
In the circle
game”
(Joni Mitchell – “The
Circle Game”)
Joni Mitchell na capa de Hejira (1976) |
A partir do dia 7 de novembro de
2013, o time dos setentões ilustres ganhou mais uma integrante de peso: a
canadense Roberta Joan Anderson, mais conhecida entre nós, meros terráqueos,
como Joni Mitchell. Artista plural –
cantora, compositora, poeta, pintora – Joni é uma das artistas mais importantes
e influentes do universo da música do planeta. Chegar aos 70 anos de idade não
é apenas uma oportunidade de celebrar sua vida, como também é um momento de reverenciar uma obra
irrepreensível e de uma magnitude impressionante.
Joni no início da carreira, quando era uma jovem com um violão na mão e muita coisa para dizer ao mundo... |
Joni
surgiu como uma mera cantora de Folk
Music em duo com o ex-marido,
Chuck Mitchell (de quem herdou o sobrenome). Tudo o que tinha, lá pelos idos
dos 1960s era um violão e um banquinho, tal qual pregava a cartilha despojada
do bom e velho Folk. Seu primeiro
disco, Song for a Seagull, veio a
público em 1968 – na época, a Sra. Mitchell, já divorciada, já era respeitada
como compositora e tinha canções de sua autoria gravadas por Judy Collins, um
dos pilares da música norte-americana. A jovem de quase 30 anos de idade já filosofava sobre o amor e a vida em
um de seus maiores clássicos, “Both
Sides, Now” (“I’ve looked at life
from both sides, now /From win and lose and still somehow /It’s life’s
illusions I recall / I really don’t know life at all // I’ve looked at life
from both sides now / From up and down, and still somehow / It’s life’s
illusions I recall / I really don’t know life at all ”), e encantava os
amantes da boa música com versos e sons tão profundos e inteligentes.
Os cabelos loiros e longos sempre foram a marca registrada de Mrs. Mitchell. |
Mrs. Mitchell se encontra na mesma galeria
de artistas que fazem da canção instrumento para audição de versos que se
assimilam a poemas que merecem ser lidos e discutidos em aula de Literatura.
Está à altura de gênios como Bob Dylan e Leonard Cohen. É referência para
mulheres mais jovens como Jewel, kd Lang, Madeleine Peyroux, Norah Jones, Taylor
Swift e até artistas da canção brasileira como Zélia Duncan e Tulipa Ruiz. Gravou
com lendas da música como Charles Mingus, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Neil
Young, Jaco Pastorius, Pat Metheny, Michael Brecker, Don Alias, James Taylor,
Michael McDonald e The Band. É autora de álbuns clássicos e atemporais como Clouds (1969), Blue (1971), Court &
Spark (1974), Hejira (1976), Mingus (1979), Wild Things Run Fast (1982) e Turbulent
Indigo (1994), títulos nos quais vai do Folk,
passa pelo Rock e pelo Jazz e volta ao seu bom e velho violão
para expressar seus pensamentos sobre o universo e alguns dos fenômenos que
fazem parte dele.
Joni Mitchell sempre foi reconhecida por seus colegas, pelo grande público e respeitada por artistas de gerações posteriores. |
Na década de 2000, Joni gravou dois
álbuns sinfônicos – Both Sides, Now!
(2000) e Travelogue (2002) – nos
quais dedicou sua verve de intérprete. A voz de contralto, que antes alcançava
agudos encantadores, já não era mais a mesma devido ao passar do tempo e ao
constante uso de nicotina (é praticamente impossível dissociar a imagem de Joni
Mitchell dos cigarros acesos!), mas tinha a experiência de ter vivido uma vida
inteira para poder cantar não apenas os conflitos retratados nas canções, como
também 10 standards da música
norte-americana. Suas versões para “You’re My Thrill” (Jay Gormey &
Sidney Clare), “Comes Love” (Sam H. Stept,
Lew Brown & Charles Tobias), “You’ve
Changed” (Bill Carey & Carl Fischer) e “Stormy Weather”(Harold Arlen & Ted Koehler), além das
regravações de “A Case of You”, “Amelia”, “Sex Kills”, “Woodstock”, “Trouble Child”, “Love”, “Cherokee Louise”,
“The Circle Game” e da já citada “Both Sides, Now” são repletas de emoção,
sentimento e tem o poder de encantar qualquer fã de boa arte.
O violão não é o companheiro inseparável de Joni. Este lugar foi ocupado há muitos anos pelo cigarro... |
Both Sides, Now! (2000) |
Na época em que lançou Travelogue, Joni Mitchell anunciou que aquele seria seu último disco, para tristeza de muitos fãs. A artista alegou que era necessário se aposentar e cuidar da saúde, que sempre fora debilitada por inúmeras doenças. Além disso, poderia ter mais tempo a se dedicar à filha e aos netos e viver o esplendor da chamada “terceira idade”. Em 2007, abriu exceção ao lançar Shine, depois de nove anos sem inéditas. Depois disso, aparece poucas vezes em público e dá poucas entrevistas. Em meados de 2013, fez algumas apresentações para comemorar seus 70 anos de idade e, aparentemente, não há planos para novos projetos.
Travelogue (2002) |
Foi graças a um presente de aniversário que eu ganhei anos atrás que pude conhecer melhor o trabalho de Joni. Foi
paixão à primeira vista! Depois daquele disco, comecei a sonhar com boeings 747
que voavam por fazendas geométricas ou a dizer que somos meramente poeira das
estrelas e que (sempre) devemos voltar àquele velho jardim para aprender e
sonhar. Já que sonhar não nos custa absolutamente nada, sempre há motivos para ouvir a obra de Joni Mitchell e viajar por céus sonoros e coloridos...
Clouds (1969) |
UMA
BREVE ANTOLOGIA DE
JONI MITCHELL:
“The ghost of aviation
She was swallowed by the sky
Or by the sea, like me she had a
dream to fly
Like Icarus ascending
On beautiful foolish arms
Amelia, it was just a false alarm”
(Amelia, 1976)
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“Love suffers long
Love is kind!
Enduring all things
Hoping all things
Love has no evil in mind.”
(Love – I Corinthians 13 –, 1982)
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“By the time we got to Woodstock
We were half a million strong
And everywhere you looked there
was song and celebration”.
(Woodstock, 1970)
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“Let me speak, let me spit out
mu bitterness –
Born of grief and nights without
sleep and festering flesh.”
(The Sire
of Sorrow – Job’s Sad Song, 1994)
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“So what are you going to do
about it
You can’t live life and you can’t
leave it
Advice and religion – you can’t
take it
You can’t seem to believe it
The peacock is afraid to parade
You’re under the thumb of the
maid
You really can’t give love in
this condition
Still you know how you need it”
(Trouble
Child, 1974)
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“Which would it be
Mingus one or two or three
Which one do you think he’d want
the world to see
Well, world’s opinion’s not a lot
of help
When a man’s only trying to find
out
How to feel about himself!
In the plan – oh!
The cock-eyed plan
God must be a boogie man!”
(God Must
Be A Boogie Man, 1979)
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“Don’t get jealous
Don’t get over-zealous
Be cool
Kiss off that flaky valentine
You’re nobody’s fool”
(Be Cool, 1982)
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“I used to count lovers like
railroad cars
I counted them on my side
Lately I don’t count on nothing
I just let things slide”
(Just Like
This Train, 1974)
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“All these jackoffs in the
office
The rapist in the pool
Oh and the tragedies in the
nurseries
Little kids packin’ guns to
school
The ulcerated ozone
These tumors of the skin
It’s a hostile sun beatin’ down
now
On the massive mess we’re in!
And the gas leaks
And the oil spills
And sex sells everything
And sex kills”
(Sex Kills, 1994)
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“These are the clouds of
Michelangelo
Muscular with gods and sungold
I’ll shine on your witness taking
refuge in the roads”
(Refuge of
The Roads, 1976)
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ASSISTA
A UMA ENTREVISTA CONCEDIDA POR
JONI MITCHELL EM 2013:
MAIS
SOBRE
JONI MITCHELL NA INTERNET:
Texto de
Zélia Duncan sobre Joni Mitchell
Site oficial
de Joni