THE BLACK CROWES – THE SOUTHERN HARMONY & MUSICAL COMPANION
(1992)
Dizem que o segundo disco de uma banda nunca consegue ser tão
bom quanto o álbum de estreia. No entanto, quando nos referimos aos rapazes do
Black Crowes, este clichê da crítica musical cai completamente por terra. The
Southern Harmony and Musical Companion, segundo trabalho da banda, é uma enorme
homenagem às origens surgido o estado da Georgia, sul dos EUA: o título é o
mesmo do livro de partituras e cânticos compilados por William Walker em 1835,
uma bela homenagem ao lado mais oprimido da terra do Uncle Sam.
Lançado em 12 de maio de 1992, Southern
Harmony traz os irmãos Chris Robinson (vocais) e Rich Robinson
(guitarras) à frente de um time de músicos extraordinários: Marc Ford assumiu
as guitarras solo no lugar de Jeff Cease, que tinha sido dispensado da banda em
1991. Os outros companheiros de bordo eram a cozinha competentíssima formado
por Johnny Colt no baixo e Steve Gorman na bateria e o auxílio ultra-luxuoso de
Ed Harsch nos teclados.
Southern
Harmony conseguiu um feito inédito até então: emplacar quatro hit
singles - "Remedy", "Thorn in My Pride", "Sting
Me" e "Hotel Illness" - no primeiro lugar na parada de sucessos
da revista Billboard. O recorde
anterior pertencia a Tom Petty, que tinha emplacado três sucessos no topo das
paradas em 1989. Além das quatro canções citadas, o Black Crowes conseguiu
lançar mais dois singles de menor sucesso, mas que eram obrigatórias em todas
as apresentações do grupo: a balada "Bad Luck Blue Eyes Goodbye" e a
belíssima "Sometimes Salvation".
O segundo álbum de estúdio do Black Crowes é um retrato da
banda no auge de sua forma artística: o vocalista Chris Robinson nos ofertou,
com influências de Jagger, Plant e do que havia de melhor no Glam Rock; já Rich Robinson criou riffs
de fazer inveja a Keith Richards que contracenavam com a classe dos solos
lancinantes de Marc Ford; Harsch, Colt e Gorman faziam um som luxuoso e
distinto do Grunge que tomava as
rádios e os canais de entretenimento da época. "Remedy", o melhor
número do disco, contava com todos estes elementos, a presença das vocalistas
de apoio Barbara e Joy, duas negras de responda que interagiam com Chris R. a
ponto de nos lembrarmos dos melhores números de Soul ou de Exile On Main St.,
dos Rolling Stones, lançado 20 anos antes de Southern
Harmony.
"Sting Me", o número de abertura de Southern
Harmony, é uma canção que
recebeu um andamento rápido, quase frenético. O videoclipe baseado neste número
mostra os integrantes do Black Crowes em seu habitat mais autêntico e natural:
o palco! As canções da banda da Georgia eram para serem tocadas em alto e bom som
e, de preferência, para multidões dispostas a cantar, dançar e se deliciar com
o som retrô (hoje, classificado como "vintage") que eles criavam.
O álbum possui 10 canções: nove com assinatura dos irmãos
Chris e Rich Robinson e a décima faixa é uma releitura de "Time Will
Tell", faixa original composta e gravada por Bob Marley em seu álbum de
1978, na qual o Sul dos EUA encontra a Jamaica do Rei do Reggae. O gosto de ouvir Southern
Harmony 25 anos após o seu lançamento é que se trata de um disco que
sobreviveu muito bem com as tendências musicais de cada momento e que ainda tem
muito a dizer para gerações jovens e nem tão jovens assim...
É uma pena que os Black Crowes não estejam mais tocando para
que possamos ouvir este clássico na íntegra por aí. Certamente eles teriam um
público garantido e novos fãs se encantando com a magia musical dos rapazes do
Sul dos EUA...
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