SHERYL
CROW – BE MYSELF (2017)
“Way
back in the year of 2017”
(Sheryl
Crow,
Bill Bottrell & Jeff Trott, 2008)
“'Cause
if I can't be someone else
If I can't be someone else
Oh if I can't be someone else
I might as well be myself, myself
Be myself”
(Sheryl Crow & Jeff Trott, 2017)
Sheryl
Crow surgiu para os olhos do grande público entre o final de 1993 e o início de
1994 graças ao premiadíssimo álbum de estreia, Tuesday Night Music Club (1993), no
qual ela juntou Country, Pop, Soul,
baladas apaixonadas, Blues, Protest Song
com o bom e velho Rock ‘n’ Roll.
Antes de ser alçada ao estrelato, uma das maiores personalidades musicais do
estado do Missouri chegou a trabalhar como professora de música, compositora de
jingles para a TV e backing vocal (chegou a integrar a banda
de apoio de nomes como Michael Jackson, Kenny Loggins e Don Henley – em um de
seus trabalhos pós-Eagles).
Em 25 anos de carreira musical (contando o álbum que gravou em
1992, antes do lançamento de Tuesday Night..., que nunca chegou a
ser oficialmente lançado), Sheryl Crow gravou 11 álbuns, sendo 9 de estúdio, 1
ao vivo e 1 de canções natalinas. Dentre os parceiros musicais mais importantes
que formou em um quarto de século, está o produtor musical Bill Bottrell – com
quem tocou não apenas em seu primeiro disco, como também em Detours
(2008) – e o guitarrista Jeff Trott, com quem compôs as melhores canções de seu
repertório (as gravadas e lançadas na segunda metade da década de 1990). Be
Myself, o décimo álbum de estúdio de Sheryl, não é apenas um
reencontro dela com Trott, mas também é um retorno à sonoridade que ambos
desenvolveram em discos já clássicos como The Globe Sessions
(1998).
Sheryl Crow & Jeff Trott |
Apesar da sonoridade ter um quê de revival, o discurso poético de Sheryl Crow está em plena sintonia
com as novidades do século XXI. As letras de Be Myself
mencionam as redes sociais (Twitter, Instagram, Facebook, Snapchat) como palcos de amores
frustrados e críticas sócio-políticas. Em tempos nos quais vivemos o ápice da
mediocridade dos anos Trump nos EUA, canções como “Halfway There”, “Alone in
the Dark”, “Love Will Save the Day”, “Heartbeat Away”, “Grow Up” e “Woo-Hoo”
são recados muito certeiros para uma sociedade que assiste não apenas à perda
de direitos básicos, como a insurgência do Presidente da República contra
diferentes povos apenas para dar visibilidade ao seu projeto pessoal de poder.
Por outro lado, Sheryl ainda tem o talento de fazer canções
de apelo radiofônico, sem o caráter raso do que se ouve nas estações de rádio,
nos programas de TV da VH1/MTV. “Strangers Again”, “Roller Skate”, “Rest of Me”,
“Long Way Back” e “By Myself” são de enorme inteligência e elaboração, sem
deixar de perder o toque Pop que
sempre foi a marca registrada da autora de “All I Wanna Do”. Ouvir as canções
da safra 2016-17 de Sheryl Crow passou a ser tão prazeroso quanto ouvir as
canções lançadas por ela no período 1994-1999, no qual ela estava tomada de
juventude, ímpeto, angústia, raiva e uma abaladora inspiração. Aos 55 anos, ela
ainda nos oferece seu canto e suas melodias com muita beleza, classe e
sabedoria.
Quem estiver
em busca de um som dotado de inteligência e uma certa dose de comida para o
pensamento, buscará em Sheryl Crow uma opção e tanto. Afinal de contas, Be
Myself foi feito para permanecer nos ouvidos das
pessoas – seja nos fones de ouvido ou nos aparelhos de som...