LUZES &
SONS DA INSPIRAÇÃO
“New
York
Concrete
jungle where dreams are made of
There’s
nothing you can’t do
Now
you’re in New York
These
streets will make you feel brand new
Big
lights will inspire you
Hear
it for New York
New
York, New York…”
(Alicia
Keys)
Ao Nilton e à Aninha, que aguentaram
as minhas crises de cansaço por toda Manhattan.
A Paris deram
o nome de “Cidade das Luzes”. No
entanto, quando se coloca os pés em Nova York pela primeira vez, a impressão
que temos é a de que todas as luzes do planeta migraram para o Atlântico Norte.
A quantidade de apelos visuais feéricos e intermitentes de todos os tipos
simplesmente não tem mais fim.
Em meio a
tudo isto, somemos uma quantidade generosa de línguas e culturas distintas, uma
bela constelação de teatros com astros e estrelas de todos os gostos, egos e
tamanhos, uma variedade de lojas e outlets
de todos os tipos e museus para todas (repetindo: todas!) as formas de Arte. E, lógico: para tudo isto há sons
e versos que embalam a experiência inesquecível de passar pela Big Apple, a maçã proibida que provamos
com gosto e prazer, por mais letal que o seu veneno possa lhes parecer.
Se você ainda
não conhece esta grande metrópole, as canções que escolhemos para este TOP 10
afetivo vão te ajudar a compreender esta loucura um pouquinho melhor. Se você
já conhece a cidade, escolha uma canção com a qual você se identificar ainda
mais e embarque no navio da memória musical e resgate as suas melhores
lembranças.
10 MOTIVOS MUSICAIS PARA VOCÊ
CARREGAR NYC NOS SEUS OUVIDOS
E NO SEU CORAÇÃO:
10)
M
adonna – “I Love New York”
adonna – “I Love New York”
Um dos momentos mais incendiários da Confessions Tour se dava
quando a Rainha do Pop empunhava sua
guitarra e tocava “I Love New York”. Ao bradar versos como “I don't like cities / But I like New York / Other
places make me feel like a dork / Los Angeles is for people who sleep / Paris
and London / Baby you can keep” ou o refrão-pop-chiclete “Other cities always make me mad / Other
places always make me sad / No other city ever made me glad except New York / I
love New York”, Madonna declara não apenas o seu amor pela Big Apple, como também fala de como esta
cidade definiu suas ambições e seus anseios de conquistar o mundo com a sua
verve Pop.
9)
Sting – “Englishman in New York”
Este jazz composto por Sting na década de 1980 é um dos momentos mais
significativos depois de sua saída do The Police. Nesta canção, o astro fala do
choque cultural sofrido por um homem inglês na Big Apple (“I don't drink coffee I take tea my dear / I like my toast done on one
side / And you can hear it in my accent when I talk / I'm an Englishman in New
York”) e da importância de manter suas características mais marcantes de
sua cultura, apesar de ter trocado a cinzenta Londres pela iluminada Nova York.
8) The Rolling Stones – “Shattered”
A partir
da década de 1970, os EUA passaram a ter maior importância na vida e na obra
dos Rolling Stones. Várias canções compostas pela dupla Mick Jagger – Keith
Richards falavam de sexo, drogas, luxúria, amores partidos e outras
desilusões... “Shattered”, última faixa de um dos maiores sucessos dos Stones,
Some Girls (1978), traz um universo de “Love
and hope and sex and dreams” e de “Pride
and joy and greed and sex” em plena 7th Avenue. Além disso, Jagger canta o
fato de que viver em uma cidade na qual a taxa de criminalidade crescia
vertiginosamente no final dos anos 1970 não era tarefa das mais fáceis.
“Shattered” é uma ode de amor à NYC às avessas, com todo o seu universo de
desejo, cobiça e sedução – afinal, um dos versos finais deste clássico nos pede
para “Go ahead, bite the big apple, don't
mind the maggots”. Se Mick Jagger disse para que saboreemos a grade maçã
sem se importar com os caroços, por que não fazê-lo?
7)
Frank Sinatra – “(Theme From) New York,
New York”
Se todos os clichês em torno de Nova York se resumissem uma canção, a
gravação que Frank Sinatra fez para a composição de John Kander e Fred Ebb é o
melhor caso, uma espécie de “Corcovado”
para os nativos da Big Apple. E não
havia melhor voz para cantar este standard do que o velho Sinatra: no início da
década de 1980, os velhos olhos azuis
eram a “Voz da América”, por isso acordar na cidade que nunca que dorme e fazer
parte dela era mais do que natural para uma das vozes mais importantes do
século XX. Apesar de ser um clássico “batido” nos ouvidos de muitos seres
humanos, “(Theme From) New York, New York”
ainda consegue despertar a emoção de todos aqueles que vão passar uma temporada
em NYC.
6)
R.E.M. – “Leaving New York”
Faixa de abertura de um dos trabalhos mais injustiçados do R.E.M.,
Around The Sun (2004), “Leaving New York”
é uma ode apaixonada do vocalista Michael Stipe à cidade. A sensação inicial
quando ouvimos os primeiros versos (“It's
quiet now / And what it brings / Is everything // Comes calling back / A
brilliant night / I'm still awake //I looked ahead / I'm sure I saw you there
// You don't need me / To tell you now / That nothing can compare”) é de
que Stipe canta ao pé do ouvido da cidade que o acolheu (e ainda deve acolher)
por tanto tempo. A cidade das luzes, a cidade que ele tinha que abandonar toda
vez que ele abandonava a cidade temporariamente para sair em turnê com os seus
colegas de banda, a cidade que foi ferida e marcada profundamente pelos
acontecimentos de 11 de Setembro de 2001... A cidade que Stipe sempre amou e há
de amar. Um retrato sentimental, poético, triste, mas de uma beleza
irrepreensível.
5)
Billy Joel – “New York State of Mind”
Composta por Billy Joel, “New York
State of Mind” apareceu pela primeira vez em Turnstiles (álbum lançado por Joel em 1976). Apesar de nunca ter
sido lançada em single, a canção se tornou em uma das (favoritas) mais
populares do repertório de seu criador, além de ter sido regravada por nomes de
peso da música norte-americana como Barbra Streisand, Diane Schuur e Tony
Bennett.
Tomando como
ponto de vista o ônibus Greyhound que segue a linha que cruza o rio Hudson (que
corta a cidade), Billy Joel fala do seu amor pela cidade como se Nova York
fosse mais do que isso: as luzes, avenidas, estrelas de cinema, limusines, os
jornais, a música, a beleza de Manhattan, a bela feiura de Chinatown, tudo isto
faz da cidade um estado de espírito! Daí a vontade de
celebrar o legado e a beleza de um lugar sem comparação...
4) Natalie Merchant – “Carnival”
Depois
de largar o 10,000 Maniacs, Natalie Merchant deixou de ser uma cantora
“bonitinha e fofinha” que estava à frente de uma banda de sucesso para
capitanear sua carreira solo com
unhas, dentes e muita ousadia. Tigerlily
(1995) teve como carro-chefe “Carnival”, esta ode às ruas da Big Apple. O palco virtual desenhado por
Natalie revela atores sociais que compõem a cena citadina, multidões, riqueza e
pobreza, o luxo da Tiffany’s e o lixo
da miséria social do Queens (por exemplo). Não se trata de um carnaval, mas de
um “parque de diversões” no qual as entranhas de uma cidade se abrem e revelam
a beleza e a pobreza presente em cada uma das duas faces da moeda. E, no final
de cada refrão, Natalie pergunta se o que os olhos veem refletem cegueira,
perdição, perplexidade, paralisia? Várias perguntas sem respostas e outras
perguntas a serem feitas...
3)
Lou Reed – “Walk On The Wild Side”
Lou Reed foi um dos cronistas mais frequentes de Nova York. No entanto, a
memória do grande público somente se lembra dos versos, dos acordes e dos
repetitivos “Dooo-dooo-dooos” de “Walk On The Wild Side”. Reed fotografa
com precisão espetacular o submundo de sexo, drogas sob uma perspectiva incomum
– junkies, gays, travestis em meio a tranquilizantes e sexo oral. Caminhar
pelo lado selvagem era viver intensamente pela Big Apple. O fundador do Velvet Underground soube bem o que foi
tudo isso...
2)
Norah Jones – “Back to Manhattan”
Norah Jones é uma das cantoras mais influentes de sua geração. Quando
gravou seu disco The Fall (2009),
esta nativa da Big Apple já era uma artista mundialmente premiada e respeitada
por uma obra musical relevante, consistente e ousada.
“Back to Manhattan” é um dos poucos
episódios de The Fall no qual Norah
se dedicou ao gênero musical que a colocou no mapa musical do planeta, o Jazz. A letra fala dos mundos diversos
que existem em NYC: de um lado a rispidez do Brooklyn; do outro, as luzes de
Manhattan. O eu-lírico de Norah se divide entre estes dois universos, ciente da
impossibilidade de se desfazer de suas raízes – “But Brooklyn holds you / And holds my heart too / What a fool I was to
think / I could live in both worlds”. Uma bela canção de amor que se
utiliza das contradições da Big Apple para existir e falar da inexistência de explicações
para este mistério que é o sentimento
amoroso.
1)
Rosemary Clooney – “Take Me Back to
Manhattan”
Ao andar pelos corredores sem fim do Metropolitan
Museum, achei um CD organizado pelos curadores do Met com o melhor das canções feitas sobre a Big Apple. Não resisti, obviamente, e levei o tal CD comigo. A
surpresa mais agradável foi ouvir uma gravação belíssima para “Take Me Back To Manhattan” (Cole Porter),
feita por Rosemary Clooney (tia de George e uma das maiores lendas da música
norte-americana).
Na gravação
feita por Clooney em seu álbum de 1993, Still
On The Road, Nova York é a cidade ideal para ela (e para todos nós que amamos abeleza da cena urbana). No entanto, ao se
ausentar de sua adorada cidade, ela pede (sem muito pudor) que seu verdadeiro
desejo é de voltar para o seu adorado ninho, para o seu apartamento no
centésimo andar, afinal as saudades de North, South, West e East Manhattan são
maiores do que a vontade de conhecer o mundo. Ouça o Jazz,
a voz inesquecível de Rosemary Clooney e mergulhe no mar de afetividade que
Cole Porter dedicou à cidade mais charmosa das Américas.
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