“QUANDO EU ESTOU AQUI...”
40 anos de tradição, bicho... |
“Não sei se existem coisas novas.
Existem formas novas de fazer
coisas antigas.”
(Roberto
Carlos)
No momento em que a frase do título ressoa na
tela da TV, meus ouvidos já tremem de pânico e tédio! Programa especial de
Roberto Carlos na TV Globo nunca foi exatamente um “momento lindo” para mim...
E eles quase sempre vão ao ar na ressaca do dia 25 de dezembro!
Pretinho básico, nada disso! Branquinho básico, meu bem! |
Roberto Carlos se tornou sinônimo de peru de Natal
e rabanada. Não é o Menino Jesus, mas chega todo mês de Dezembro no plim-plim mais perto de você. E sempre
cantando “Emoções” pela enésima vez, com o mesmo arranjo da gravação original
(?!), sempre atirando rosas brancas e vermelhas para o palco ao som de “Jesus
Cristo”, “Nossa Senhora”, "Jesus Salvador" ou outro hino religioso (ganhar dinheiro em cima de entidades do Catolicismo em um país que possui hordas e mais hordas de católicos é retorno financeiro garantido!)... Sempre tem uma participação
do “meu amiiiigo” Erasmo Carlos (ok, o Gigante Gentil é sempre welcome!) e closes de câmera nas
estrelas do cast da Globo na plateia e,
lóóóógico, sempre tem terninhos brancos e/ou azuis para adornar aquele velho mullet horroroso!
Ah, claro: sempre tem aquele convidado que sempre
está na crista da onda das playlists dos brasileiros no ano do especial em
questão: nomes como Ângela Maria, Roberta Miranda, Maria Bethânia, Titãs, Gal Costa,
Tim Maia, Cássia Eller, Alcione, Caetano Veloso, Rita Lee constam na mesma galeria na qual
Chitãozinho & Xororó, Ivete Sangalo, Arlindo Cruz, Lulu Santos, Kátia Cega, Ana Carolina,
Christian & Ralf, Simone, MC Leozinho, Sérgio Reis & Almir Sater, Cláudia Leitte, Angélica, Fagner, Calcinha Preta, Jota Quest, Michel Teló, Xuxa e Anitta também figuram, o que é um sinal claríssimo de que o gosto musical do Rei (um
tanto duvidoso, às vezes!) para esconder os convidados de seu programa vai de acordo com o que está fazendo sucesso no
momento... Para o especial de 2013 só faltou Lady Laura e
Maria Rita (a esposa falecida de Roberto, não a irritante filha de Elis) para fechar o séquito do
eterno filho e marido Roberto Carlos.
E vamos vestir um azul para variar um pouquinho... |
Outra coisa que não podemos deixar de mencionar
aqui: as superstições reais! E o que
seria dos especiais de Roberto Carlos mais recentes sem elas? Vamos citar
algumas: nenhum artista convidado pode usar preto ou marrom no palco ao lado
de El Rey; cantar canções que falem do “mal”, “inferno” ou outras coisas
menos cristãs nem pensar – afinal, Robertinho é um cara de família! –, não se pode sair pela
mesma porta pela qual entrou e outras demonstrações de TOC que a Glória Maria
acha lindo e a Hebe acharia que é uma GRA-CI-NHA! Para o especial deste ano, o artista quis um clima de Oscar e exigiu um blue
carpet ao invés de um red carpet
tradicional para que as estrelinhas da Globo desfilassem em noite de gala. Alguns
dos convidados da noite tiveram que vestir azul e branco (ou as duas cores, why not?) para combinar com o Rei. Enquanto isso, vamos ouvindo os
velhos hits que todo mundo já está cansado de ouvir: “Como É Grande O Meu Amor
Por Você”, “Olha”, “Força Estranha”, “Esse Cara Sou Eu”, “Se Você Pensa”, “Jesus
Cristo”, "Cavalgada", "Proposta", "Parei na Contramão", “Detalhes”, “Emoções”... E a mania (que ele acha de uma originalidaaaaaaade gigantesca!) de sempre querer entrar com um velho
calhambeque no palco no início de cada apresentação?!?!?! São tantas emoções
que vem desde os tempos da Jovem Guarda, bicho. O problema é que tem muita gente que já não atura mais ter que ver e
ouvir a velha cantilena de sempre todo ano...
Xiiii.... Esse marrom aí da capa pode, Arnaldo? |
(Um mea culpa antes de continuar: eu adoro assistir os especiais do Roberto Carlos na TV, pois sempre terei algo para dar umas boas risadas e, evidentemente, para fazer parte daquele grupo que desafina o coro das senhorinhas contentes, hehehehehehe! Até porque sintonizar a Globo para ver o Rei, seus ternos ridículos e seus súditos, fãs daquelas canções de amor "desde criancinha" é sempre fonte de gargalhadas garantidas!)...
Infelizmente o velho Roberto não conseguiu
realizar suas taras e manias em seu especial de 2013. Não conseguiu
entrar com o velho carrão no palco, pois era impossível chegar com o calhambeque no segundo andar de onde seria o seu show. Implicou com o nome do complexo “Cidade
das Artes” por causa do cacófato
inevitável que alude ao vocábulo “azar”
(pecado mortal no reino da Urca, bicho!),
implicou com o casaco preto de couro do amigo e parceiro Erasmo, que, tadinho, só tinha aquele figurino para
vestir naquela noite... Não deve ter implicado com a cor e/ou tamanho do vestido da Anitta, provavelmente - ela estava dentro do Dress Code real. Em 2012, o especial de Roberto Carlos marcou míseros 10
pontos no Ibope. Para quem já marcou mais de 40 em tempos de vacas gordas,
trata-se decadência a olhos vistos a cada Natal!
Remixar para requentar aquela coisa sempre igual... |
O que é mais incômodo em cada especial de Roberto
Carlos que vai ao ar no final de cada ano é que existe pouquíssima (para não
dizer NENHUMA) vontade de El Rey em se “modernizar” ou fazer diferente aquela
coisa sempre igual. É a vitrine anual das excentricidades e idiossincrasias de
um artista contraditório e polêmico que é o inimigo número 1 das biografias
não-autorizadas e da liberdade de pensamento neste país. Isto vindo de uma
pessoa que sempre expôs sua vida em praça pública via revistas de fofoca e a
própria TV Globo. Chamar DJs para requentar os sucessos antigos via remixes para atrair o público jovem?!
Isto era tendência na década de 1990, Sr. Roberto! Chamar a funkeira
Anitta ou o talentosíssimo Tiago Abravanel, que estão no auge do sucesso, para
cantar ao seu lado?! Oportunismo barato, Sr. Roberto! Além disto, seu colega e
ex-amigo Tim Maia teria ficado muito “P” da vida com tamanho oportunismo através
da vida e obra do velho soulman
brasileiro! Chamar Lulu Santos – eterno supra-sumo da chatice e da arrogância graças
à escola de “Anas Gritolinas” chamado
The Voice Brasil – para cantar “As
Curvas da Estrada de Santos” com direito a firulas e surtos de bichice que fariam Clodovil Hernandez
revirar no túmulo com tanta cafonice e viadagem?!?!?! Pagação de mico histórica, Meu Rei! Foi-se o tempo de que tudo que
você gostava era “Imoral, Ilegal ou Engorda” e você contava tantas histórias sobre
os botões daquela blusa... Isto deve ter sido em 1976, ou em 1979, ou em 1981,
quando você ainda era referência de música de qualidade ou quando você era jovem...
Pô, bicho! Libera aí... |
É, Roberto... você até tenta ser jovem, pena que há
um oportunismo tradicional que corrói a sua vida e a sua obra há mais de 20 anos.
Antônio Fagundes desejou em rede nacional que você faça especiais de TV por
mais 40 anos. Sinceramente, nós não queremos mais isto tudo, El Rey. Por isso, desejo de
coração, através deste humilde texto, que você pare de fazer especiais na Rede Globo
enquanto você tiver nada de genuinamente novo para dizer (um disco de inéditas, quem sabe?) e, principalmente, que você libere aquela biografia
monumental que o Paulo César de Araújo escreveu sobre você... Assim, velho Rei, você pode envelhecer mais dignamente,
manter a sua velha e empoeirada coroa, além de entrar para a história da música brasileira como um artista que, um dia,
foi Inimitável.
Leia alguns textos sobre as “Taras & Manias” do Rei:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/145044-hoje-e-dia-de-mania.shtml
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-especial-de-roberto-carlos-e-o-simbolo-da-ressaca-do-natal-e-da-irrelevancia-hoje-dele-e-da-globo/
E para quem quiser ler a
biografia que Paulo César de Araújo escreveu e publicou, mas o Rei proibiu:
http://www.mediafire.com/download/ht29j0do6zdb450/RC+LIVRO.rar
Referência de música de qualidade - é coisa que Roberto nunca foi.
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