MANY THANKS, CHUCK!
Em memória de Chuck Berry (1926-2017)
"All of us are footnotes to the words of Chuck Berry."
(Leonard Cohen)
"If they were to rename Rock 'n' Roll, it would be called Chuck Berry."
(John Lennon)
"The beautiful thing about Chuck Berry's playing was it had such an effortless swing (...)."
(Keith Richards)
O Rock não tinha mãe, mas tinha um pai dedicado, zeloso e bastante presente. Seu nome: Charles Edward Anderson Berry, um nome de monarca; para nós, mortais: Chuck Berry.
A morte de um dos principais criadores do Rock 'n' Roll em março de 2017 marca o desaparecimento de um dos maiores influenciadores da música popular do século XX. Vários músicos que alcançaram a fama a partir da primeira metade dos anos 1960 apontam a importância de Chuck Berry para que eles conseguissem coragem e empunhassem uma guitarra para viver através da sua arte. John Lennon, Keith Richards, Bob Dylan, Jimi Hendrix, Leonard Cohen, os Beach Boys, os irmãos Young do AC/DC, os mascarados do Kiss, Rod Stewart, Lenny Kravitz e Kurt Cobain são apenas alguns dos músicos que viam Chuck como uma de suas referências principais. Rita Lee e Raul Seixas, os pais do Rock por estas bandas, nunca esconderam a sua admiração pelo autor de "Johnny B. Goode".
Cantor e guitarrista, Chuck Berry misturou elementos do blues, do country, do R&B e do bom e velho boogie para gerar uma das criações mais diabólicas do mundo da música, o Rock 'n' Roll. A lembrança mais frequente que tenho do astro é de vê-lo empunhando uma guitarra em riste e fazendo a sua indefectível "duck dance", copiada por Angus Young e tantos outros guitarristas. O passo de dança, um dos clichês mais famosos da música, surgiu por volta de 1956: sempre preocupado com sua elegância e com a qualidade visual de seus ternos, Chuck decidiu investir em um novo passo de dança para esconder as partes amarrotadas de seu figurino. Quem diria que uma roupa amarrotada faria história?
O maior feito de Chuck Berry não foi apenas a invenção de um dos estilos musicais mais versáteis e populares de todos os tempos. Se Elvis Presley deu asas ao imaginário feminino graças aos acordes de sua guitarra e aos agitos de sua pélvis indecente, isto se deve aos feitos do homem mais notável de Saint Louis. Canções como "Roll Over Beethoven", "Carol", "Johnny B. Goode", "Memphis, Tennessee", "Maybellene" e "Sweet Little Sixteen" fizeram tanto, mas tanto sucesso que extrapolaram as fronteiras de gênero ou classe social. Além disto, ele introduziu um léxico revolucionário na música popular de seu tempo - falar de "monkey business" (negócio sujo) ou de carros e sexo nos Estados Unidos da década de 1950, fazendo uma crítica social violenta, cantando Rock e ainda sendo negro?! Chuck simplesmente fez a revolução, apesar do mundo não ter se preparado para tal.
Obviamente, Chuck Berry pagou um preço alto por ter sido tão ousado. Antes da fama, já tinha sido preso por roubo e porte de arma de fogo e chegou a ficar em detenção por alguns anos. Anos depois, já consagrado, foi acusado injustamente de aliciar uma menina de 14 anos, quase lhe custando a carreira, além de uns tempos no xilindró. Eu me pergunto se a lei foi mais pesada para Chuck simplesmente pelo fato dele ser negro. O que é fato incontestável é que foi graças aos seus amados pupilos - Beatles e Rolling Stones, especialmente - que o Pai do Rock 'n' Roll reergueu sua carreira, já reconhecido pelo seu status de lenda.
Chuck Berry manteve a simplicidade e fez apresentações até recentemente nos cassinos e clubes de Saint Louis, região onde morava, apesar do peso dos anos. A figura do criador desaparece e deixa uma quantidade sem tamanho de órfãos. Já o seu legado musical permanecerá enquanto os acordes de uma guitarra ecoarem por aí...
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