ROXY MUSIC – SIREN (1975)
Em meados de 1975,
o Roxy Music tinha se tornado em uma das bandas mais cultuadas do Reino
Unido: quatro discos gravados graças à elegância e à liderança do vocalista e
tecladista Bryan Ferry e de seus comparsas. A partir do terceiro disco, a força
criativa do Roxy deixava de ser alvo de disputas entre Ferry e Brian Eno,
quando o segundo resolveu sair da banda e investir em seu projeto solo.
Brian Eno (esq.) ao lado de Bryan Ferry (dir.) |
As sessões de
gravação do quinto álbum do Roxy Music foram realizadas entre junho e setembro
de 1975 e contaram com a produção de Chris Thomas (Queen, Pink Floyd, Elton
John, Pulp, Paul McCartney, The Pretenders, INXS, Sex Pistols). A imagem a
ilustrar a capa do disco, para manter mais uma vez a tradição de belas mulheres
que embelezam as capas dos trabalhos da banda (uma das taras e manias
preferidas de Bryan Ferry que mais gostamos), é a da modelo texana bombshell Jerry Hall – naquele período,
namorada de Ferry e futura Sra. Mick Jagger – caracterizada como uma bela e
estonteante sereia. Nenhum título para este trabalho poderia ser mais
apropriado: Siren (sereia, em português).
Ferry ao lado da estonteante Hall, a maior beleza que o Texas relegou ao mundo depois de Janis Joplin |
As nove canções do
álbum são uma espécie de ode coletiva à bela sereia presente em cada
mulher. A canção que resume a proposta do disco é a sexy “Love is The Drug” (Bryan Ferry & Andy MacKay), faixa que
abre o disco e foi um dos singles de
maior sucesso da história do Roxy Music. A linha de baixo de John Gustafson ao
se aliar a batida de Paul Thompson, aos sopros de Andy MacKay, às guitarras de
Phil Manzanera, aos teclados de Eddie Jobson e à sensualidade indefectível de
Bryan Ferry resultam em um dos hits mais
provocantes de toda a história do Rock:
o sentimento amoroso era mais do que uma mera obsessão, ele se transforma em um
narcótico ou uma arma letal nas mãos do inimigo. A faixa fizera tanto sucesso
que chegou a receber uma releitura de Grace Jones, anos depois.
As duas faixas
seguintes de Siren
foram justapostas sem intervalos entre as mesmas de forma que elas soassem como
uma única canção: “End of The Line” (Bryan Ferry) destaca o violino de Eddie
Jobson (substituto de Brian Eno) e “Sentimental Fool” (Bryan Ferry & Andy
MacKay) aponta a fraqueza do elemento masculino diante da supremacia do poder
feminino através de acordes que se assemelham ao explorado pelas bandas de rock
progressivo. A quarta composição do disco, “Whirlwind” (Bryan Ferry & Phil
Manzanera) é o número mais rápido do disco e coloca o talento vocal
indiscutível de Ferry em evidência. “She Sells” (Bryan Ferry & Eddie
Jobson) possui um acorde hipnótico de piano e uma letra que descreve uma
relação amorosa pautada por imagens jornalísticas, eróticas e de altíssima
voltagem. Já a faixa do álbum, a romântica “Could It Happen to Me?” (Bryan Ferry) evidencia o sax de MacKay em pouco
mais de três minutos e meio.
O segundo hit single
de Siren
foi a sétima faixa do álbum, “Both Ends Burning” (Bryan Ferry). O épico de
pouco mais de cinco minutos descreve o fogo incessante das paixões
avassaladoras e tornou-se um dos maiores sucessos do Roxy Music. “Nightingale”
(Bryan Ferry & Phil Manzanera) dá prosseguimento ao disco retratando uma
relação singela entre um cantor e um rouxinol que o acompanha em meio à
solidão. E, por fim, “Just Another High” encerra o quinto trabalho da banda ao
descrever os descaminhos insanos do sentimento amoroso.
Além de um dos
maiores álbuns do Roxy Music, Siren é considerado uma das obras fundamentais do Rock ‘n’ Roll. Após a turnê deste
clássico, os membros da banda decidiram investir em um hiato que durou pouco
mais de três anos. Bryan Ferry investiu em sua carreira solo e lançou três
álbuns antológicos – Let’s Stick Together
(1976), In Your Mind (1977) e The Bride Stripped Bare (1978). Ao
ouvirmos e reouvirmos este trabalho conjunto de Ferry, Andy MacKay, John Gustafson, Eddie
Jobson, Phil Manzanera e Paul Thompson, constatamos que qualquer banda que
queira se aventurar a fazer música de qualidade deveria se espelhar em cada pequeno
clássico perdido do Roxy Music antes de empinar seus instrumentos musicais e
montar uma aura de artista cool.
Por isso e tudo o
mais, aperte o play, pois não há amor mais intenso do que a paixão musical por
esta belíssima sereia…
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