18 de julho de 2017

DISCOS DE VINIL # 33

ROXY MUSIC – SIREN (1975)


Em meados de 1975, o Roxy Music tinha se tornado em uma das bandas mais cultuadas do Reino Unido: quatro discos gravados graças à elegância e à liderança do vocalista e tecladista Bryan Ferry e de seus comparsas. A partir do terceiro disco, a força criativa do Roxy deixava de ser alvo de disputas entre Ferry e Brian Eno, quando o segundo resolveu sair da banda e investir em seu projeto solo.

Brian Eno (esq.) ao lado de Bryan Ferry (dir.)

As sessões de gravação do quinto álbum do Roxy Music foram realizadas entre junho e setembro de 1975 e contaram com a produção de Chris Thomas (Queen, Pink Floyd, Elton John, Pulp, Paul McCartney, The Pretenders, INXS, Sex Pistols). A imagem a ilustrar a capa do disco, para manter mais uma vez a tradição de belas mulheres que embelezam as capas dos trabalhos da banda (uma das taras e manias preferidas de Bryan Ferry que mais gostamos), é a da modelo texana bombshell Jerry Hall – naquele período, namorada de Ferry e futura Sra. Mick Jagger – caracterizada como uma bela e estonteante sereia. Nenhum título para este trabalho poderia ser mais apropriado: Siren (sereia, em português).

Ferry ao lado da estonteante Hall, a maior beleza que o Texas relegou ao mundo depois de Janis Joplin


As nove canções do álbum são uma espécie de ode coletiva à bela sereia presente em cada mulher. A canção que resume a proposta do disco é a sexy “Love is The Drug” (Bryan Ferry & Andy MacKay), faixa que abre o disco e foi um dos singles de maior sucesso da história do Roxy Music. A linha de baixo de John Gustafson ao se aliar a batida de Paul Thompson, aos sopros de Andy MacKay, às guitarras de Phil Manzanera, aos teclados de Eddie Jobson e à sensualidade indefectível de Bryan Ferry resultam em um dos hits mais provocantes de toda a história do Rock: o sentimento amoroso era mais do que uma mera obsessão, ele se transforma em um narcótico ou uma arma letal nas mãos do inimigo. A faixa fizera tanto sucesso que chegou a receber uma releitura de Grace Jones, anos depois.




As duas faixas seguintes de Siren foram justapostas sem intervalos entre as mesmas de forma que elas soassem como uma única canção: “End of The Line” (Bryan Ferry) destaca o violino de Eddie Jobson (substituto de Brian Eno) e “Sentimental Fool” (Bryan Ferry & Andy MacKay) aponta a fraqueza do elemento masculino diante da supremacia do poder feminino através de acordes que se assemelham ao explorado pelas bandas de rock progressivo. A quarta composição do disco, “Whirlwind” (Bryan Ferry & Phil Manzanera) é o número mais rápido do disco e coloca o talento vocal indiscutível de Ferry em evidência. “She Sells” (Bryan Ferry & Eddie Jobson) possui um acorde hipnótico de piano e uma letra que descreve uma relação amorosa pautada por imagens jornalísticas, eróticas e de altíssima voltagem. Já a faixa do álbum, a romântica “Could It Happen to Me?” (Bryan Ferry) evidencia o sax de MacKay em pouco mais de três minutos e meio.




O segundo hit single de Siren foi a sétima faixa do álbum, “Both Ends Burning” (Bryan Ferry). O épico de pouco mais de cinco minutos descreve o fogo incessante das paixões avassaladoras e tornou-se um dos maiores sucessos do Roxy Music. “Nightingale” (Bryan Ferry & Phil Manzanera) dá prosseguimento ao disco retratando uma relação singela entre um cantor e um rouxinol que o acompanha em meio à solidão. E, por fim, “Just Another High” encerra o quinto trabalho da banda ao descrever os descaminhos insanos do sentimento amoroso.


Além de um dos maiores álbuns do Roxy Music, Siren é considerado uma das obras fundamentais do Rock ‘n’ Roll. Após a turnê deste clássico, os membros da banda decidiram investir em um hiato que durou pouco mais de três anos. Bryan Ferry investiu em sua carreira solo e lançou três álbuns antológicos – Let’s Stick Together (1976), In Your Mind (1977) e The Bride Stripped Bare (1978). Ao ouvirmos e reouvirmos este trabalho conjunto de Ferry, Andy MacKay, John Gustafson, Eddie Jobson, Phil Manzanera e Paul Thompson, constatamos que qualquer banda que queira se aventurar a fazer música de qualidade deveria se espelhar em cada pequeno clássico perdido do Roxy Music antes de empinar seus instrumentos musicais e montar uma aura de artista cool.



Por isso e tudo o mais, aperte o play, pois não há amor mais intenso do que a paixão musical por esta belíssima sereia…



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