5 de abril de 2017

TROVA # 117

A VERDADE, ACIMA DE TUDO


"I'm sick and tired of hearing things
From uptight, short-sighted, narrow-minded hypocritics
All I want is the truth
Just gimme some truth

I’ve had enough of reading things
By neurotic, psychotic, pig-headed politicians
All I want is the truth
Just gimme some truth

No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna mother hubbard soft soap me
With just a pocketful of hope
Money for dope
Money for rope

No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna mother hubbard soft soap me
With just a pocketful of soap
Money for dope
Money for rope

I'm sick to death of seeing things
From tight-lipped, condescending, mamas little chauvinists
All I want is the truth
Just gimme some truth now

I've had enough of watching scenes
Of schizophrenic, ego-centric, paranoiac, prima-donnas
All I want is the truth now
Just gimme some truth

No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna mother hubbard soft soap me
With just a pocketful of soap
Its money for dope
Money for rope

Ah, I'm sick and tired of hearing things
From uptight, short-sighted, narrow-minded hypocrites
All I want is the truth now
Just gimme some truth now

Ive had enough of reading things
By neurotic, psychotic, pig-headed politicians
All I want is the truth now
Just gimme some truth now

All I want is the truth now
Just gimme some truth now
All I want is the truth
Just gimme some truth
All I want is the truth
Just gimme some truth"
(John Lennon, 1971)


Uma das canções mais fortes do repertório de John Lennon está eternizada em seu segundo álbum após a dissolução dos Beatles: "Gimme Some Truth", primeira faixa do lado B de Imagine (1971), denuncia um sentimento de cansaço de hipócritas, de prima-donnas inúteis,  de políticos porcos, limitados e de pouca visão. Lennon escrevia sobre as pessoas que faziam o mundo do início dos anos 1970. Ao reouvir a canção na segunda metade dos anos 2010, já em pleno século XXI, tenho a impressão de que pouco mudou no Brasil e no mundo de lá para cá.
O conceito de verdade, segundo o dicionário Houaiss, nos diz: "propriedade detestar conforme os fatos ou a realidade; exatidão, autenticidade, veracidade". O grande problema das pessoas hoje é que elas assumiram para si os conceitos mais particulares do que é verdadeiro, sem levar em conta a consistência dos fatos e as consequências deles. A partir deste fator, devemos pensar em alguns aspectos.
Diante deste caos, a quantidade de notícias falsas que se espalham pelo espaço público é simplesmente absurda. O que leva isto a acontecer com tanta frequência em pleno século XXI, momento no qual a informação se propaga com uma rapidez escandalosa? A preguiça das pessoas em verificar a consistência das informações é um fato determinante - muitos não leem ou analisam o que compartilham nas redes sociais e a barbárie se faz através dos botões like e share.
A expressão que mais tem sido utilizada no presente momento é o de “pós-verdade”. Apesar de algumas explicações bem fundamentadas, não consegui mudar minha opinião acerca desta “nova” ideia: para mim, é nada mais, nada menos do que a verdade que bem lhe convém. Tendo em vista que as redes sociais e a grande mídia têm dado voz a lúcidos e aos idiotas de plantão, torna-se ainda mais difícil para mim encontrar outra interpretação. Cada um possui suas verdades pessoais, as suas pós-verdades e muitos querem impor suas concepções como se fossem fatos verdadeiros absolutos.
Depois de 2013 e do golpe de estado parlamentar que atingiu a democracia brasileira três anos depois, as falácias conservadoras tem encontrado eco em muitas pessoas que se diziam apolíticas ou desinteressadas em política. De uma hora para outra, a sensação que eu tenho é de que todo mundo se politizou de uma tal maneira a ponto de provocar uma polarização nos debates e discussões que extrapolam os limites de respeito e da sensatez. Os direitos à liberdade de grupos minoritários são ignorados em prol do sucesso de instituições financeiras e de meia dúzia de famílias endinheiradas que controlam o país na base da rédea curta.
As pessoas que não possuem o hábito de estudo, de leitura e não são versadas em uma tradição humanitária e reflexiva, adotam o discurso da elite como se fosse o seu e dão projeção a vozes ultraconservadoras que alegam serem a opção para a corrupção presente no Brasil desde a sua fundação. Quando as manifestações públicas de 2013 culminaram nos protestos que clamavam os brasileiros a tomarem as ruas de 2015 em diante, esses desinformados pelo GAFE (o conglomerado formado pelos grupos Globo, Abril, Folha e Estadão) se converteram na mesma espécie de massa de manobra que nos levou para uma ditadura reacionária e sangrenta de mais de duas décadas.

Se quisermos evitar a máxima famosa de Karl Marx de que a história se repete pela primeira vez como tragédia e a segunda como farsa, devemos rasgar os estatutos hipócritas e buscar a natureza humana das coisas, o respeito por todas as partes, exigir a verdade, acima de tudo. É ela que nos liberta, é ela que nos fará cidadãos mais justos e honestos em um país repleto de contradições. Assim, afastamos os hipócritas, chauvinistas, egocêntricos, paranoicos e psicóticos de plantão...

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