O FEITIÇO DE MADONNA
Sim, sim, sim... ELA voltou! Não se satisfaz em apenas relegar um álbum
novo com canções para sair dançando nas pistas, nos quartos ou em outras partes
da casa... Madonna, como sempre, resolveu voltar às lentes e aos olhares do
público com CD novo, turnê nova, filme nos cinemas, uma apresentação memorável
na final do Super Bowl e algumas
notícias (de teor sensacionalista, quase sempre!) para que ELA sempre seja o
assunto do momento! Yes, baby: ela se reinventa sempre através de um COMBO de
informações para que todos saibam que ela ainda está on duty!
É lógico que Madonna não é apenas um assunto do momento. No que diz
respeito à música Pop, ela foi a ÚNICA mulher que conseguiu ser O
assunto por quase três décadas de carreira ininterruptas. Por ser cantora,
compositora, atriz (lembro-me bem de quando eu prestei atenção nela pela
primeira vez no cinema quando eu a vi ao lado de Warren Beatty em Dick Tracy, em 1990!), cineasta (OI?!), escritora
de livros infantis (bons os tempos em que ela publicava maravilhas como o
comentadíssimo livro Sex – uma
raridade nos dias de hoje!) mãe e o que mais você quiser que ela seja, Madonna
é a única mulher que pode se (auto-) proclamar Pop Star com “P” e “S” maiúsculos.
Fui praticamente com uma excitação de adolescente fã do Justin Bieber
correndo até a Livraria Cultura do Conjunto Nacional quando descobri que minha Deluxe Version de MDNA, estava esperando por seu dono no setor de encomendas da
megastore. O novo CD da Diva ainda coloca a filha de Silvio Ciccone no rol dos
assuntos do dia. É uma coleção de canções mega dançantes e que fazem de Madonna
uma artesã da Música Pop. Refrões-chiclete como o “Oh la-la-la” de “Superstar”
(Madonna & Indiigo Muanza) e a chant
que abre “Give Me All Your Luvin” (“L-U-V Madonna / Y-O-U you wanna”) colam no
ouvido de uma maneira tão eficiente, que é impossível se esquecer destes
acordes nos próximos momentos!
Aos 53 anos de idade (54 em poucos
meses!), Madonna se recusa a envelhecer musicalmente. Seu elixir musical
desafia gigantes do mainstream
musical como Mick Jagger ou Tina Turner – MDNA
consegue ser melhor do que muitos lançamentos de muitas Pop Stars do momento (Britney?! Gaga?! Beyoncé?! Katy Perry?! Rihanna?!)
e renova a imagem e o legado da Material
Girl para a posteridade. Por outro lado, não esperem NADA de novo,
revolucionário ou diferente neste trabalho. O CD traz os velhos temas e clichês
que fizeram de Madonna a estrela feminina mais polêmica e inventiva da música
em todos os tempos. Canções sobre religião (“I’m A Sinner”), amores feitos e
desfeitos (“Give Me All Your Luvin’”, “I Don’t Give A...”, “I Fucked Up”),
baladas levemente açucaradas (“Masterpiece”, “Falling Free” – Madge ainda sabe
escrever e interpretar baladas como nenhuma outra!) e hinos para serem
eternizados nas pistas de dança (“Turn Up The Radio”, “Some Girls” – Madge
ainda consegue colocar todo mundo para dançar em uma dancefloor, bebê!).
Lembro que minha paixão por esta
mulher que hoje é mãe de quatro filhos começou quando eu era bem jovem. Certa
vez, meus pais resolveram me enviar para passar uns dias na casa de minha tia
Ana Cristina, irmã de minha mãe (e minha madrinha!), durante as férias de
julho. Como ela não podia dedicar boa parte de seu tempo ao sobrinho de nove
anos de idade na época, visto que havia outra criança naquela casa (meu primo
Kevin, que tinha poucos meses de vida em julho de 1990), coube ao meu Tio John
a tarefa de garantir diversão ao sobrinho visitante de nove anos de idade. Neste caso, a “operação
diversão” consistiu de algumas rodadas de Banco
Imobiliário (jogo que ainda adoro!) e de uma ida ao Shopping Rio Sul para
assistir Dick Tracy, filme de Warren
Beatty que trazia a Pop Star no elenco. Nesta trama, Madonna era Breathless
Mahoney, cantora-vedete dos anos 1920 que se envolve com Tracy (interpretado
por Beatty).
As rádios naquela época tocavam um
dos maiores sucessos de Madonna, “Vogue”. O verão de 1991 seria sacudido por
outras três “hecatombes maddônicas” o vídeo polêmico de “Justify my Love”, a
coletânea The Immaculate Collection e
o documentário Na Cama Com Madonna, o
qual traz todos os bastidores da turnê Blonde
Ambition e do lançamento de Dick
Tracy. Por causa desta sequência arrasadora de lançamentos, Madge tornou-se
uma presença nociva para a moral e os bons costumes lá de casa. Para mim, ela
tornou-se um ídolo, uma referência de paradigmas a serem quebrados diariamente, já que eu sempre gostei de indivíduos quer iam contra ao que já estava para lá de estabelecido...
A partir desta época, não deixei de
prestar atenção em nenhuma empreitada que Madonna deu no showbiz. Delirei com Erotica
e a Girlie Show, aprendi a curtir um som mais
R&B e lounge com o seu ótimo Bedtime Stories; chorei escondido com as
baladas que ela reuniu em Something to
Remember e com o belo Evita, de
Alan Parker; "curti" com ela as dores e as delícias da maternidade com Ray of Light. Quando ela veio com Music, em 2000, perdi um pouco do
interesse. Madonna começava a repetir uma fórmula que tinha dado certo em seu
trabalho anterior (a dobradinha que ela fez com os produtores William Orbit e
Mirwäis soou chinfrim para estes ouvidos tão fatigados!). Provavelmente esta
virada de gosto pessoal se deve ao fato de eu ter ingressado na Faculdade de
Letras e caído de amores pela MPB de Chico, Caetano, Gil, Os Mutantes e outros. Porém, este
fato também se deve ao fato de Madge ter começado a apresentar limitações no
seu repertório – fato!
American Life, seu
trabalho de inéditas de 2003, não me agradou nem um pouco: 1.º) Madonna perdeu
uma oportunidade de ouro de ter sido tão ou até mais polêmica do que na época
de Like A Prayer ou (o fofinho) True Blue, ao satirizar Bush, os absurdos da Guerra do Iraque e gravidez indesejada ("Papa Don't Preach / I'm in trouble deep...") – para uma senhora casada com um inglês (no
caso, o mala do diretor Guy Ritchie, pai de Rocco, seu segundo filho); 2.º) Seu
som, urdido ao lado do produtor Mirwäis, não me soou nada bem para os ouvidos. Madonna
tinha se tornado sinônimo de chatice, de algo ultrapassado, de uma Tia que tinha muito que aprender com
suas colegas de Pop. Em uma era na qual menininhas mais jovens queriam brincar de Pop Star, não optar pela ousadia, falar exaustivamente de cabala em versos e repetir velhos clichês com um som um tanto "manjado" fez com que vários se afastassem da Sra. Ritchie naquele momento (não é a toa que American Life foi um puta fiasco!). A partir daí, ela precisou se reinventar para que ela pudesse garantir mais tempo de sobrevida no showbiz.
Madge virou o jogo quando fez a turnê Re-Invention (a qual reciclou sua imagem) e se uniu ao produtor Stuart Price e fez um
disco dançante de sabor disco. Confessions
On A Dance Floor não só mostrou que Madonna ainda era a maior Pop Star do mundo, como também sabia se
reinventar quantas vezes achasse necessário. “Hung Up” tornou-se um de seus
maiores hinos e foi o passaporte para que muitos a vissem em uma das turnês
mais bem-sucedidas de todos os tempos: a Confessions
Tour. Quando vejo Madonna misturando “Music” com “Disco Inferno”, tenho a
plena certeza de que perdi um dos maiores espetáculos de toda a história da
música (veja o vídeo do TOP 20 da Tia - não dá vontade de sair dançando com ela?). Ainda bem que existem registros audiovisuais de qualidade para que possamos
nos sentir menos pior diante das nossas ausências.
A partir de Hard Candy, um
disco com um sabor mais anos 1980 e com fortes pitadas de Hip Hop, Madonna retomou contatos com o Brasil. Sua temporada em
terras tupiniquins em dezembro de 2008 foram tão memoráveis para fãs e não-fãs
que Madge decidiu se divertir por aqui, arranjou namorado brasileiro, pulou
Carnaval no Rio de Janeiro, visitou favelas pacificadas (?) e ainda brincou um
pouquinho de “Embaixadora da Boa Vontade” ao solicitar verbas para seus
projetos sociais. Sim, ela precisa de novos factoides para chamar a atenção,
né?
E retomamos o ciclo com MDNA,
cujo título faz trocadilho com a sigla MDMA,
de uma droga similar ao ecstasy – droga mais do que comum para aqueles que
estão na pista de dança! Em “I’m Addicted”, uma das canções de seu novo
trabalho, Madonna faz a seguinte pergunta: “When
did your name change from language to magic?” (Quando seu nome deixou de
ser linguagem e se tornou mágica?). Se o nome em questão é o da moça que se
chama Madonna Louise Ciccone, isso aconteceu para o mundo em 1982 – quando Madonna
lançou “Everybody” –, para mim, em 1990. Se os amantes do Pop estão viciados no
que esta mulher ainda tem a dizer, simplesmente isto acontece porque MDNA resume 30 anos de uma carreira
conquistada com muito trabalho, com muita (auto-)promoção e
(indiscutivelmente!) muito talento! Por isso, Turn Up The Radio, pois Ela está no pedaço!
Leia sobre o DNA das canções
do novo disco de Madonna:
http://musica.uol.com.br/infografico/2012/04/02/uol-analisa-o-dna-das-novas-musicas-da-madonna-ouca.jhtmdo novo disco de Madonna:
2. Rain
3. Like A Prayer
4.
Music Inferno
5.
Bad Girl
6.
Erotica
7.
Justify My Love
8.
Deeper & Deeper
9.
Like A Virgin
10. Frozen
11. You'll See
12. Material Girl
13. Hung Up
14. Ray Of Light
15. Beautiful
Stranger
16. Papa Don’t Preach
17. Burning Up
18. Holiday
19. Love Profusion
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