NORAH JONES - DAY BREAKS (2016)
Desde o início de sua brilhante carreira, Norah Jones
surpreendeu o público. Seu disco de estreia, o hiper premiado Come Away With Me (2002),
vendeu milhões de cópias no mundo tudo e conquistou fãs de todas as idades. Em
pouco tempo, Ms. Jones foi considerada como uma das mais novas "musas do
Jazz", o que não deve ter agradado a mocinha de 20 e poucos anos naquela
época. Afinal de contas, tratava-se de uma imensa responsabilidade.
Em
15 anos de carreira, Norah gravou seis discos solo, fez participações especiais
em inúmeros projetos, sem contar a quantidade imensa de trabalhos paralelos. No
entanto, depois de uma década e meia andando pelo mundo, depois de dois filhos
e de muito sucesso, a filha de Ravi Shankar desejou retornar às suas origens
musicais, isto é, à sonoridade do Jazz
que lhe tornou famosa. O resultado deste esforço é Day
Breaks, o sexto álbum solo de Norah
Jones, que teve lançamento mundial em 7 de outubro de 2016.
O
disco possui 12 faixas, contando com três regravações e nove composições
inéditas. Dentre as inéditas, Norah escolheu a balada "Carry On" como
primeiro single do CD - o videoclipe mostra a artista tocando piano na cozinha
embalando um casal da terceira idade vivendo a plenitude de seu amor e de suas
inúmeras lembranças. As outras duas canções escolhidas para divulgar Day Breaks
até a data de lançamento foram "Flipside", um jazz rápido e certeiro
que me lembrou bastante os números interpretados por Nina Simone, e o belíssimo
blues "Tragedy".
As
três canções escolhidas de repertórios alheios comprovam o brilho de Day
Breaks, mostrando o quanto Norah Jones se destaca como intérprete.
"Don't Be Denied", de Neil Young, foi gravada pelo cantor e
compositor canadense em 1973 no renegado álbum Time Fades Away, que nunca recebeu uma edição em CD. Norah adaptou
alguns trechos da letra não apenas para poder se expressar no feminino, como
também para cantar algumas de suas glórias e dores pessoais. "Peace",
de Horace Silver, já tinha recebido uma gravação de Jones em 2002 e chegou a
figurar entre as faixas bônus de Come Away
With Me; no entanto, a releitura de 2016
contou com o apoio luxuoso de músicos do porte de Brian Blade (bateria) e Wayne
Shorter (saxofone). São estes mesmos músicos, inclusive, que fazem da versão de
"Fleurette Africaine (African Flower)", de Duke Ellington, o momento
mais sublime do disco: a filha de Ravi Shankar dedilha o piano e apenas
sussurra enquanto Shorter nos transporta para outra dimensão através de seu sax
extraordinário.
Dentre
as canções inéditas, "Burn" (Norah Jones / Sarah Oda) e a
faixa-título (Norah Jones / Peter Remm) me lembram um pouco da Joni Mitchell de
Court and Spark (1974) e The
Hissing of Summer Lawns (1975). Já "Sleeping Wild", "It's a
Wonderful Time for Love" e "Once I Had a Laugh" são três provas
que Jazz é o que Norah sabe fazer
melhor, apesar dela ter se enveredado muito bem pelo Folk, pelo Rock, pelo Country, pelo Indie e até pela música Pop.
É através do piano que a filha de Shankar consegue expressar melhor seus
sentimentos em música e despertar o que há de mais sublime e romântico em cada
um de nós.
Day Breaks não é apenas o retorno de Norah Jones ao disco depois de
quatro anos longe da música. É o retorno de uma das artistas mais bem-sucedidas
do século XXI às suas raízes, ao Jazz, e, tomara, ao merecido sucesso.
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