AS
PONTES DA AMIZADE
“Some people
go to priests; others to poetry; I to my friends. The beauty of the world,
which is so soon to perish, has two edges, one of laughter, one of anguish,
cutting the heart asunder. If you do not tell the truth about yourself, you
cannot tell it about people.”
(Virginia
Woolf)
Estou longe de ser um tipo, digamos,
popular: não tenho um milhão de amigos, porém sou bastante grato a cada uma das
amizades que tenho e não posso deixar de agradecer aos que um dia me concederam
doces momentos em parceria. Afinal, devo muito do que sou hoje aos encontros e
desencontros que a vida me proporcionou em 30 e poucos anos de caminhada.
Quando era mais jovem, meu temperamento
forte, introspectivo e sensível contrastava com a tendência expansiva de
membros de minha família: eu vivia em meus universos paralelos que cabiam
dentro do meu antigo quarto, enquanto o mundo de meu irmão mais novo não cabia
dentro das quatro paredes de nosso velho apartamento, já que ele vivia na rua e
era uma das pessoas mais populares do pedaço, enquanto eu sempre colecionei os
frutos da minha impopularidade.
Amizades são como pontes: elas sempre
te levam para algum lugar, seja o destino final bom ou ruim. Quando há um
sentimento verdadeiro, podemos alcançar lugares infinitos dentro das relações
humanas. Por outro lado, no momento em que o interesse, a conveniência e a
falsidade entram em cena, falsos amigos possuem máscaras de péssima qualidade e
que, um dia, caem. Depois dos 35 anos de idade, busco relações mais sólidas,
maior qualidade de vida, amigos com a possibilidade de agregar algo de bom. Quero
um amigo inteiro e não pela metade.
Como eu sempre fui um ancião
aprisionado em um corpo de jovem, meu desconforto com o mundo diminuiu um pouco
quando fui para a Faculdade de Letras, um terreno supostamente livre de
preconceitos de quaisquer tipos. O fato de pessoas de variadas faixas etárias
estudarem juntas me fez sentir mais à vontade dentro da sala de aula, algo inédito
para mim até então. Carrego amizades, colegas e umas duas ou três paixões um
tanto secretas no meu convívio pessoal e dentro do meu peito até hoje.
Ao trocar o Rio de Janeiro por são
Paulo no início de 2006, pensei que não sobreviveria à mudança para uma cidade
tão diferente da minha terra natal. Consegui me adaptar completamente graças às
amizades que fiz e aos velhos companheiros que não me abandonaram apesar da
distância. Foi a partir da vida adulta que pude entender o sentido do ditado “Quem
tem amigos não morre pagão”.
O mundo da música, por exemplo, já nos
ofertou amizades inesquecíveis: John Lennon e Paul McCartney fizeram a trilha
sonora de várias gerações à frente dos Beatles. Mick Jagger e Keith Richards
colocaram os egos e às mágoas de lado em nome de mais de cinco décadas de
carreira dos Rolling Stones. Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes fizeram
de sua relação uma parceria que levou a música brasileira para o mundo inteiro.
Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Caetano Veloso e Gilberto Gil modernizaram a
canção brasileira graças a mais de 50 anos de amizade.
Estes exemplos nos mostram que amizades
genuínas sobrevivem a brigas, cobranças, disputas de ego, distâncias e o
próprio tempo. É preciso buscar inspiração nestas pessoas para que possamos
viver de maneira mais leve, alegre e plena. Isso acontece se tivermos amizades
que podemos contar nas pontas dos dedos ou um milhão de amigos...
Como eu te amo meu amigo, meu irmão, meu mundo!
ResponderExcluirAmigo é família, é consciência, é uma parte de nós, de nosso universo, é o espelho que não queremos confrontar pois é sempre a verdade.
É o melhor de nós e sempre esta conosco! Obrigada por nós Pres eteae com essa abordagem maravilhosa. Conheço que a emoção me tomou por completa.. .. rsrsrsrsrs. Bjaaaoo