ELTON JOHN – GOODBYE YELLOW BRICK ROAD (1973)
O sétimo álbum de estúdio de Reginald Kenneth
Dwight foi a peça fundamental para que Elton John (nome artístico de Reg)
entrasse de vez para a história da música do planeta. Goodbye Yellow Brick Road é uma obra-prima, não só por demonstrar que
Elton estava no auge da forma como músico e cantor (o mesmo pode-se dizer de
seus companheiros de banda), como também pelas letras inspiradíssimas de seu
parceiro, Bernie Taupin. Um detalhe interessante: Taupin escreveu as 21 letras
do disco – que chegou a receber os títulos provisórios de Vodka and Tonics e Silent Movies, Talking Pictures – em
menos de TRÊS SEMANAS, repetindo: em menos de TRÊS SEMANAS! Boa parte
das canções foi finalizada por Sir Elton em, aproximadamente, TRÊS DIAS! Nada
mal para um dos álbuns duplos mais vendidos da história da música...
Elton John já era famoso pelos surtos e exigências que fariam qualquer diva ruborizar de vergonha
naquela época. Quis gravar seu disco na Jamaica apenas pelo simples fato de que
os Rolling Stones tinham gravado Goats Head Soup na terra de
Bob Marley. Quando as dificuldades começaram a surgir em janeiro de 1973, no
início das gravações do disco, Elton e a trupe se mudaram de mala e cuia para o
belo Château d'Hérouville, na França, onde os álbuns Honky Château e Don't Shoot Me I'm Only the Piano Player foram gravados no ano anterior. Das terras jamaicanas,
ficou apenas a ideia da canção “Jamaica Jerk-Off”, sétima faixa de Goodbye Yellow Brick Road. Assim que os
trabalhos se reiniciaram no Château, as sessões de gravação duraram
apenas DUAS SEMANAS! Só Frank Sinatra teria feito mais rápido do que
isso...
Elton & Bernie |
As letras de Bernie Taupin se
utilizavam de imagens cinematográficas – a mais famosa delas, a estrada de
tijolos amarelos, vem do clássico The
Wizard of Oz (1939) – para tratar do conflito que assombrava a ele e a
Elton na época: a fama, esta permanente roda da fortuna com a qual nenhum dos
dois sabia lidar. Marilyn Monroe, por exemplo, foi incrivelmente eternizada na
belíssima “Candle in the Wind”. “I’ve Seen That Movie Too” retrata uma relação
amorosa conflituosa a partir dos bons e velhos clichês cinematográficos. “Goodbye
Yellow Brick Road”, a faixa-título, fala sobre os conflitos internos de ser uma
celebridade em um universo frívolo e sufocante. Além disso, a capacidade
incrível de Bernie em criar personagens deu a esta coleção de 18 canções um
aspecto literário raramente visto na história da música popular em língua
inglesa: a trágica Alice, uma jovem lésbica de destino trágico, a lendária
Bennie vestindo suas “electric boots” e um “mohair suit” à frente de um grupo
de um rock extraordinário, um pub inglês que ferve com as típicas brigas
causadas pelo excesso de álcool nos embalos de sábados à noite, a profissional
do amor encantadora de jovens mancebos em “Sweet Painted Lady" e um cowboy
fictício de vida tão breve quanto James Dean cuja saga foi narrada em “The
Ballad of Danny Bailey (1909-34)”. Eis uma galeria fascinante de tipos humanos
eternizados em versos e sons.
Acima de tudo, Goodbye Yellow Brick Road é um álbum melancólico. Não possui tintas
dramáticas das primas-donnas, mas é nostálgico. A abertura do disco, o
espetacular medley “Funeral for a Friend / Love Lies Bleeding”, de 11
minutos, é até hoje um dos melhores números musicais já vistos em cima de um
palco. Elton mistura Liberace com Rock ‘n’ Roll, glam com Little
Richard com técnica, lirismo e emoção. No entanto, ele não conseguiu esta
proeza sozinho: Gus Dudgeon (que produziu vários de seus trabalhos) foi o
segundo capitão desta nau pelo caminho de tijolos amarelos. Davey Johnstone,
Dee Murray e Nigel Olsson foram muito mais do que o trio composto por
guitarra-baixo-bateria: fizeram backing vocals e nos ofertaram o melhor de sua
forma para que este disco se tornasse um clássico. Dentre os músicos
convidados, está Kiki Dee (que fez muito sucesso ao lado do mesmo Elton em 1976
com “Don’t Go Breaking My Heart”) e o maestro Del Newman, que escreveu e
conduziu arranjos de orquestra extraordinários para canções como “Harmony”, “The
Ballad of Danny Bailey”, “Roy Rodgers” e “I’ve Seen That Movie Too”.
Dee Murray, Nigel Olsson, Davey Johnstone, Elton John |
Goodbye Yellow Brick Road vendeu cerca de 31 milhões de cópias no
mundo inteiro. Isto se deve não apenas aos clássicos do disco – “Candle in
the Wind”, “Bennie & The Jets”, “Saturday Night’s Alright for Fighting” e a
faixa-título não podem faltar em nenhum show de Elton John! –, mas também aos
lados B que compõem o disco: “Sweet Painted Lady”, “Harmony” (que chegou a ser
o ultimo single do álbum, mas foi ofuscada pelo lançamento de Caribou,
o oitavo álbum do artista), “I’ve Seen That Movie Too”, “Roy Rogers”, “All the
Girls Love Alice”, “Your Sister Can't Twist (But She Can Rock 'n Roll)” e “ The
Ballad of Danny Bailey (1909–34)”. Não é à toa que este disco é
considerado como o preferido de muitos fãs de Elton...
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